Um novo pai

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Marcia Esteves Agostinho, doutoranda em História das Emoções e autora do livro “Por que Casamos”

 

 

Quando o Dia dos Pais foi instituído, no início do século XX nos EUA, ser pai significava apenas conseguir gerar muitas crianças. Mas a coisa mudou gradualmente e esse papel ganhou novas nuances sociais. De lá para cá, as expectativas em relação à paternidade só cresceram. Não basta mais ser o provedor ausente. Nem mesmo o pai participativo ficou livre das críticas. Um pai precisa demonstrar genuíno envolvimento emocional.

A demanda afetiva, porém, compromete a imagem idealizada do “pai herói”. Visto de perto, suas falhas ficam todas aparentes e as vulnerabilidades que o tornam mais humano enfraquecem sua autoridade. Daí o dilema do pai contemporâneo.

O papel tradicional do pai é ensinar o caminho entre as coisas do mundo e se assegurar de que o filho ficará bem. Contudo, em tempos que mudam muito rapidamente, o pai não tem mais competência para orientar. Ele perde assim sua autoridade paterna original. Seu papel passa a ser, então, o de uma mão na hora que o filho tropeçar.

Portanto, o dilema apresenta sua própria solução: a nova paternidade se funda sobre vínculos de afeto. A autoridade baseada na competência se transforma em autoridade baseada no cuidado. Nesse caminho, talvez o papel do pai tenha ficado mais parecido com o da mãe. Feliz Dia dos Pais, então, para aqueles que se importam e acolhem!

 

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