Um símbolo para sempre

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Se hoje a paisagem da Leopoldina está fortemente povoada por condomínios clubes, com suas várias torres ocupando enormes terrenos, é porque a região cresceu e se desenvolveu ao redor da CEAGESP. Reconhecida como o maior entreposto de alimentos da América Latina e um dos maiores do mundo, a nossa central de abastecimento está completando 55 anos de atividades. Ao longo dessas mais de cinco décadas, moldou urbanisticamente toda uma extensa área em volta de si, na qual foram se estabelecendo grandes galpões e o terreno da antiga ‘caixaria’, que durante vários anos serviram à sua gigantesca estrutura. A ‘caixaria’ desapareceu em um grande incêndio, no início dos anos 2000. E depois disso, a especulação imobiliária passou a enxergar a Leopoldina como a ‘Nova Moema’, vindo com força total para cima dos terrenos dos grandes galpões.

A consequência foi uma rápida mudança no perfil do bairro, que nas últimas duas décadas ganhou projeção como um dos melhores da cidade devido à ampla oferta de comércio e serviços, atraindo uma população de razoável poder aquisitivo. Essa grande transformação da Leopoldina, todos concordam, é irreversível e acabou sendo um dos fortes argumentos para um movimento que defende a retirada da CEAGESP do terreno da Avenida Gastão Vidigal, possibilitando um uso mais adequado e moderno para os mais de 600 mil metros quadrados de área hoje ocupados pelo entreposto.

Mas não há como negar que a CEAGESP, com sua torre do relógio e os seus silos, são o símbolo do bairro. Um cartão postal capaz de causar mais impacto visual do que as torres de condomínios clubes que se avolumam cada vez mais pela região. Fora que a existência do entreposto dá um charme especial ao bairro, possibilitando a quem mora na vizinhança comprar produtos frescos no varejão, passear na feira de flores e se deliciar com os festivais de sopas e frutos do mar organizados, anualmente, pela central de abastecimento.

Se o trânsito da Leopoldina não comporta mais o tráfego diário dos 14 mil veículos que circulam no entreposto. Ou se a presença da CEAGESP na região alimenta a população de rua e prejudica a segurança do bairro, fato é que seria uma pena suprimir, de vez, toda a história e as marcas que a CEAGESP deixou na Leopoldina. Melhor seria manter viva no bairro pelo menos parte dessa memória, preservando, por exemplo, a torre do relógio e o belo pavilhão de frutas, verduras e legumes, encontrando também um espaço para acomodar os varejões, as flores e os festivais.

Com mais empenho do poder público em manter a zeladoria e cuidar da segurança e da população de rua na região, não haveria motivos para a Leopoldina abrir mão, totalmente, da CEAGESP.

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