Vila Anglo protesta contra a verticalização

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Grupo de moradores protestam contra assédio de imobiliárias e construtoras

Um apitaço marcou o protesto do Movimento Amigo da Vila Anglo (MAVA) contra o assédio de imobiliárias e construtoras. Os moradores lutam pela preservação do bairro com casas e nascentes. Antes foi realizado um café com bate-papo e troca de informações na Praça Vicente Tramonte Garcia.

Segundo os moradores, construtoras estão enviando cartas e corretores de imobiliárias assediam por telefone e com visitas às casas. “Quem ganha são as construtoras, os bancos que financiam (a construção) e a prefeitura que vai cobrar mais IPTU dos novos (empreendimentos)”, diz Maria Isméria Nogueira Santos, que é moradora da Rua Ministro Dr. Sinésio Rocha, há cera de 50 anos. “Aqui têm nascentes que precisam ser preservadas. Daqui 50 anos, numa cidade que já não tem água, como vai ficar com prédios?” 

O geógrafo e co-criador do projeto Rios e Ruas, Luis Campos, que explora cursos d’água escondidos pela cidade em parceria com o arquiteto José Bueno, apóia a iniciativa do movimento. “Essa região é rica em nascentes”, afirma o geógrafo. Campos alerta que caso os imóveis sejam vendidos, as construtoras terão que rebaixar o lençol freático (jogando água fora em época de crise hídrica) para construir os novos empreendimentos e até a nascente (do córrego Água Preta) da Praça Homero Silva corre risco de desaparecer. “Duas quadras pra baixo da Rua Ministro Sinésio Rocha tem uma pracinha onde se vê o rio correndo”, lembra o geógrafo. 

Lenita Outsuka foi uma das moradoras que no início do ano recebeu o telefonema de um homem que se identificou como corretor. “Ele me perguntou se eu queria vender minha casa, descartei logo, mas eles fazem isso direto. No final de novembro mandaram uma carta-proposta oferecendo o valor só do terreno de 192m² (por cerca de R$ 10 mil o m²), sem a casa, em seis parcelas mensais e iguais, só que as despesas ficam por nossa conta, inclusive a comissão do corretor (5%). No fim, o valor cai muito (de R$ 1,8 milhão para cerca de R$ 1,5 milhão). Não quero vender minha casa”, afirma Lenita. O morador Leandro Gatti, autor do livro “História da Vila Anglo”, propõe o tombamento da região como forma de impedir o processo de verticalização. “Existem imóveis com características históricas”, destaca o pesquisador e escritor.

Ocupação da praça
Para incentivar a adesão de mais moradores, os coordenadores do Movimento Amigo da Vila Anglo promovem encontro na Praça Vicente Tramonte Garcia (que fica entre as ruas Ministro Sinésio Rocha e a General Góes Monteiro), para uma faxina simbólica, a partir das 10h, seguida de show (11h) com o artista e integrante do movimento, Paulo Padilha, outro interessado no bem estar da comunidade. Quem quiser aderir ao movimento, basta aparecer na praça.

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