Em torno de uma entidade nasce um Carnaval comunitário. Assim pode ser contada a história da folia que no dia 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, tomou conta da Rua Faustolo. “Foi ótimo. Era assim antigamente: as famílias da Lapa brincando o Carnaval nas ruas do bairro. Garanto que no ano que vem tem mais”. Quem promete é José Benedito Boneli Morelli, presidente do Conselho das Associações Amigos de Bairro (Consabs), ao comentar a festa carnavalesca organizada com a participação da comunidade, como um todo. “A Lapa é isso, 100% comunidade. Esse evento, assim como os demais que o Consabs organiza não teve dono. Foi fruto da vontade de todos”.
Outro testemunho, que valoriza o lado comunitário do evento vem do ex-superintendente da ACSP,-Lapa Douglas Formaglio. “É muito importante destacar que a Lapa nos fez reencontrar o saudoso carnaval de rua. Fui para a Faustolo com minha família e lá caíamos na folia junto com amigos”.
Na mesma linha segue o ex-presidente da OAB-Lapa, João de Sá. “O que vimos na Faustolo foi motivo de reunião da comunidade, que festejou o aniversário da cidade, numa história onde Lapa se faz presente há mais de 417 anos.”João de Sá brincou o pré-carnaval, na “ala dos advogados” do bloco “A Lapa Somos Nois”, ao lado da atual presidente da OAB, Helena Maria Diniz e do diretor da entidade, Mario Hermelino
Para o presidente do Rotary Club Lapa, Osvaldo Soares, a Faustolo tem tudo para se consagrar com a rua do samba na Lapa. “Foi o local ideal. Eu e minha esposa nos divertimos muito. Tomara que isso se repita no ano que vem e vire tradição”.
Carnaval rima com futebol. Na Lapa isso não é diferente: o Botafogo da Vila Leopoldina participou ativamente do evento. “Não podíamos ficar de fora, afinal, o Botafogo também é comunidade”, afirma o presidente do Clube, Paulo Garcia.
Símbolo lapeano
Um dos fundadores do “A Lapa Somos Nóis”, Décio Ferreira era pura empolgação na Rua Faustolo. Símbolo das raízes lapeanas, Décio não escondeu a emoção de passar mais um Carnaval ao lado da velha guarda do bairro. “Amamos a Lapa. Amamos São Paulo”, disse Décio ao propor aos amigos de longa data um duplo brinde na hora do parabéns aos 454 anos da cidade. Depois do bolo, Décio foi se juntar ao foliões do “A lapa Somos Noís”, com o comando da bateria entregue ao Mestre Batata, filho do inseparável amigo Boneli. Batata, firme na marcação, trouxe para a avenida lindas mulatas, símbolos do carnaval brasileiro.
Da Lapa para a França
Bicampeã pela Rosas de Ouro, a ex-porta-bandeira Diva aceitou desfilar na Faustolo levando o estandarte do “A Lapa Somos Nóis”. Radicada atualmente na França, onde divulga a cultura luso-afro-brasileira junto a renomadas instituições daquele país, Diva reverenciou o bairro onde morou por 22 anos. “O bloco resgatou uma das coisas mais precisas do Carnaval que é a celebração da alegria, da amizade. Foi maravilhoso ver a gente do bairro saindo nas sacadas e nas portas de suas casas querendo participar da festa”.