Política e a boa vizinhança

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Fazer política é uma opção? Não. Todos nós fazemos política, não adianta negar. Seja ela de boa vizinhança, entre familiares e amigos ou a política partidária. Tudo é política. Basta escolher. Um bom exemplo são nossos governantes que sempre dão resposta a quem os fez vitoriosos nas eleições. No geral, a maioria que os elegeu tem resposta em projetos, investimentos e ações. 

Às vezes falta mobilização e em outras sobram. A mobilização do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST) é um exemplo. Se incentivados por algum político ou não, eles lotaram a Câmara Municipal de São Paulo, acamparam na rua para exigir a aprovação do Plano Diretor que prevê a construção de moradias e aumenta em 100% nas areas de Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social), fora outras diretrizes de fomento à habitação popular. O Plano acabou aprovado pelos vereadores e foi sancionado pelo prefeito Haddad na quinta-feira, em uma cerimônia com a presença de artistas, autoridades, secretários e parlamentares. Mais uma vez o MTST ganhou espaço durante a cerimônia. Era tanta gente que muitos ficaram pela marquise do lado de fora do auditório do Ibirapuera. 

Eles comemoraram a conquista de 55 mil unidades habitacionais previstas no e querem mais: acabar com o déficit habitacional na Cidade.  Um estudo da Fundação João Pinheiro, obtido pela BBC Brasil (publicado em maio), revelou que o déficit habitacional cresceu 10% entre 2011 e 2012 nas nove metrópoles monitoradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que 1,8 milhão de famílias estão sem residência adequada nessas regiões. Segundo os dados, a situação é pior em São Paulo onde o déficit cresceu 18,2% em apenas um ano e 700 mil famílias vivem em residências consideradas inadequadas. Daí os protestos constantes do movimento.

Mas o Plano Diretor não é só moradia. A Cidade precisa de infraestrutura para receber as habitações como abertura de ruas, obras de drenagem e construção de pontes como a da Raimundo Pereira de Magalhães que vai ligar Pirituba à Lapa. Aliás, a traçado da futura ponte está provocando muita discussão entre os moradores do lado da Lapa que receberá o fluxo de ônibus e veículos de Pirituba. O presidente da Amocity (Associação de Moradores da City Lapa Canto Noroeste)e sua diretoria buscam apoio político para alterar o traçado apresentado pelo secretário de Infraestrutura e Obras, no Café com a Comunidade deste mês. Daí a importância de encontros como o Café com a Comunidade e À Mesa com Empresários que fomentam debates participativos, como esse. A Amocity segue, a exemplo do MTST, mobilizando parlamentares para alcançar seu objetivo de alterar o projeto para impedir os impactos da ponte dentro do bairro. 

Por outro lado, é preciso ter a consciência de que é impossível construir uma Cidade moderna sem promover mudanças. Estamos dentro de uma macroarea de estruturação metropolitana, o chamado Arco do Futuro, bandeira de campanha do prefeito Haddad, e essa transformação (prevista no Plano Diretor) deve mesmo começar pelo Arco Tietê, onde a Lapa está inserida. Muitas discussões ainda estão por vir com as audiências da Lei de Zoneamento e Planos Regionais. A Ponte da Raimundo Pereira de Magalhães é só um dos pontos desse debate político e de boa vizinhança.

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