Dia da Alfabetização

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JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER

Em 14 de novembro, será comemorado o Dia da Alfabetização. A palavra correta, no entanto, não é comemoração, mas sim luta. Quem milita como professor de alfabetização tem a impressão de estar “secando o gelo”. O nosso País, infelizmente, não prioriza a educação básica, sobretudo para milhões de excluídos. Quanto mais pessoas aprendem a escrever pelas mãos do alfabetizador, mais gente iletrada continua sem instrução, procurando mais e mais entidades.
Qualquer professor que se dedique a esta causa é categórico: este trabalho é gratificante não pelo lado financeiro (a esmagadora maioria dos alfabetizadores fazem um trabalho voluntário), mas pelo aspecto comunitário – e diria até cívico por parte dos militantes da educação. Talvez o leitor não imagine o quanto choca este repórter ao saber que pessoas não leram as matérias deste jornal porque não sabem minimamente interpretar uma palavra. A minha decepção é imensa, compensada somente com a esperança de que o trabalho voluntário de milhares de pessoas consiga reverter esta triste situação.
No bairro que tanto amamos existe uma entidade que se dedica a esta parcela de iletrados. Mantido pelo Rotary Club de São Paulo Lapa e auxiliado pela Associação das Famílias Rotarianas da Lapa (Asfarla), entidades acima de qualquer suspeita, o Centro de Aperfeiçoamento Multipedagógico da Região Oeste (Camp-Oeste) oferece gratuitamente aulas de alfabetização no período noturno, de segunda à sexta-feira. O curso livre, que não recebe nenhum recurso do poder público, visa preparar o aluno para a 5ª Série do Ensino Fundamental. Além de aprender a ler e a escrever, os estudantes contam com aula de Matemática, Educação Ambiental, Higiene e Saúde e Biologia Básica. O material didático utilizado é do Ministério da Educação e segue a linha pedagógica construtivista, onde o aluno aprende com a sua realidade e seu conhecimento por menor que seja – ninguém não sabe nada, assim como ninguém sabe tudo.
Uma outra iniciativa importante sobre alfabetização é uma parceria entre a Associação Nossa Turma e o Projeto de Extensão Universitária da Universidade Mogi das Cruzes (UMC), que permitiu que dois professores também ensinassem pessoas que, no passado, não tiveram oportunidade de conhecer as letras. Os alunos trabalham como carregadores na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) ou como empregadas domésticas.
Quem estiver lendo este editorial tem o dever de cidadania de levar uma pessoa analfabeta até o Camp-Oeste, que fica na Rua Dronsfield, 252, Lapa (telefones 3645-0596 e 3832-2284 – em horário comercial) ou na Associação Nossa Turma, localizada na Ceagesp (Avenida Gastão Vidigal, 1946, Vila Leopoldina – telefone 3648-5050).

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