Reflexões de trabalho

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José de Oliveira Jr. Repórter

A semana foi muito profícua na Associação Comercial de São Paulo – Distrital Lapa (ACSP-Lapa). Logo na segunda-feira, a entidade deu o pontapé inicial para o “Café com Negócios”, que promete contagiar os empresários e comerciantes da região. O objetivo é reunir empreendedores num mesmo espaço para crescer o volume de negócios, firmando parcerias e assinando acordos comerciais. Embora pareça um evento voltado a lojistas, na apresentação dos participantes o que mais se viu foram pessoas preocupadas em novos negócios, de profissionais liberais a produtores rurais.
Por falar em dificuldades, na quarta-feira, a ACSP-Lapa teve a honra de receber um dos maiores economistas do Brasil. Marcel Domingos Solimeo resumiu a crise dos últimos 10 anos com a simplicidade de um mestre. Embora a palestra tenha se centralizado na nova cobrança da Contribuição para Fim Social (Cofins), que passou de 3% para 7,67%, o superintendente operacional da ACSP começou a palestra, comentando o Plano Real, como o condutor de uma política monetária que parecia colocar o País nos eixos, pois os índices inflacionários tornaram-se “civilizados”, típicos das nações mais ricas do Planeta. Entretanto, o pior estava por vir. A inflação baixa e o câmbio controlado escamoteavam o problema nas contas públicas.
Segundo o economista, as reformas e o processo de privatização demoraram demais, aumentando gradualmente o déficit público. Para captar recursos, o governo de Fernando Henrique Cardoso optou por aumentar os juros financeiros, que chegaram a beira dos 45%, e a carga tributária, que passou de 25% para 36% do Produto Interno Bruto.
Desta maneira, o governo passado controlou a inflação pela queda do poder aquisitivo. Mas os juros financeiros altíssimos, salienta Solimeo, produziram um gargalo na dívida interna que chegaram ao patamar atual de 60% do PIB!, que precisam ser pagos atualmente no prazo de 30 meses a juros anuais de 16% (Taxa Selic). Para o superintendente, a situação insustentável permanece no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que pouco mudou esta trajetória. Aliás, segundo ele, se houver aumento do gasto do governo, com a criação de quase três mil cargos de confiança e outros 40 mil em forma de concurso público, aumentará ainda mais o rombo nas contas públicas.
Para Solimeo, a solução passa pela diminuição do gasto do Estado para que o nível de investimentos volte a ser de 25% do PIB, que produziriam um crescimento de 6% anuais. O patamar atual não passa de 12%. Só a pressão social organizada contra os gastos abusivos dos governantes reverterá este cenário. Solimeo não é pessimista, pois o Brasil atravessou planos absurdos.

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