A metamorfose

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Depois de quase um ano de manifestações, discussões na Câmara e no Senado Federal, o processo do impeachment da presidente Dilma chegou ao fim dia 31. Michel Temer passou de interino a titular do cargo máximo da Nação. Com a definição, a expectativa é que a economia volte aos trilhos, cessando o crescente número de desempregados (cerca de 12 milhões) e fechamento de lojas e indústrias.

Na madrugada após os protestos na Cidade contra o afastamento definitivo de Dilma, carros estacionados nas ruas Belmonte e Aliança Liberal foram incendiados deixando a comunidade da Lapa assustada com a ação criminosa. Perda total de quatro veículos queimados no início da madrugada do dia 1º de setembro. Para o comandante do 4° Batalhão, Claudinei Pereira, foram fatos isolados. As investigações continuam para identificar os criminosos.

Se identificados e forem adolescentes, eles podem acabar entre os internos da Fundação Casa, que recolhe jovens infratores da Lei para recuperação por meio de medidas sócioeducativas. Se isso ocorrer, quem sabe, eles aproveitem o tempo de internação para refletir como fez o jovem Jeremias (nome fictício) de 18 anos que após quase um ano dentro da Fundação Casa Leopoldina, virou escritor. O pouco tempo livre que tem entre as aulas de formação escolar, atividades e cursos, ele escreve capítulos de sua história, da infância com os irmãos e a mãe até ficar órfão (aos 16 anos) e acabar envolvido com drogas e o crime.

Como muitos jovens da periferia, Jeremias conta que era um garoto que estudava e trabalhava para ajudar a família. Segundo ele, orgulho da mãe, que pouco antes de falecer revelou um segredo que o incomoda até hoje, mas que promete contar em seu livro.
Seu sonho é voltar a morar com os irmãos. Eram seis antes de ele entrar para a Fundação Casa e voltaram a ser, assim que o Juiz liberar Jeremias a atravessar o portão da fundação para voltar para casa.

Entre seus objetivos está voltar a Fundação Casa, mas como ex-interno, para contar aos jovens que é possível mudar e ser feliz mesmo depois de uma experiência tão difícil. Os relatos fazem parte de sua biografia que está em fase de conclusão. Sua transformação é fruto de um processo, mas ele garante que as aulas e cursos o estimularam na nova caminhada. Agora Jeremias busca ajuda para publicar o primeiro de uma série de livros que pretende escrever.

Essa semana, o sociólogo e diretor da Faculdade Sesi-SP de Educação, Cesar Callegari, lembrou que o futuro do País como nação democrática, desenvolvida e socialmente justa depende da Educação. Ele tem razão. Jeremias é prova que a educação é transformadora e pode provocar uma verdadeira metamorfose na vida de qualquer pessoa.

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