Ciclos

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São mais do que claros os sinais de que a população quer e precisa de uma quebra de paradigma. Ao se deparar com notícias da falta de recursos na administração pública, corrupção, políticas prometidas e não cumpridas, qualquer um fica indignado, mas não surpreso.

É fácil apontar os problemas do lugar em que moramos, sejam eles estruturais, organizacionais ou sociais. O difícil é fazer com que os planos de ação, ciclo este que compreende a identificação do problema, planejamento de atividades e providências, captação de recursos e por fim a desejada solução, se cumpram.

É o caso novamente das comunidades que se instalaram nas margens do Córrego Água Branca. É preciso quebrar o ciclo que ocorreu mais de uma vez, onde a Prefeitura retira as estruturas e pessoas da área de risco, e as pessoas, sem atendimento em tempo hábil, retornam para locais inadequados. O problema de habitação existe não só na região, mas em diversos locais da cidade, em níveis críticos variados. A Secretaria Municipal de Habitação não pode realizar os atendimentos de forma imediata, sem respeitar as políticas habitacionais e o planejamento da cidade. Mas enquanto as filas não andam, a crise econômica continua impactando a população de menor renda e o desemprego segue com índices altos, os problemas voltam a se repetir, pessoas retornam para áreas perigosas, órgãos públicos tem que refazer o trabalho de retirada e limpeza. Assim mais um ciclo se conclui e soluções não parecem próximas no horizonte.

Em maio deste ano, quando o secretário de Habitação Fernando Chucre foi questionado sobre os recursos disponíveis da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB), que já existem, durante uma reunião realizada na Câmara Municipal de São Paulo com presença de moradores da comunidade da Água Branca, Chucre afirmou que a Prefeitura iria construir unidades habitacionais, ainda este ano, para atender as comunidades do Sapo e Aldeinha. Os moradores da comunidade esperam respostas sobre quando e como será o atendimento há mais de dez anos.

Parte do dinheiro arrecadado pela OUCAB foi utilizado em obras de drenagem e canalização de córregos na Pompeia, bastante necessárias devido aos frequentes alagamentos na região. Mas enquanto a habitação de interesse social e um programa eficiente de auxílio-moradia não forem vistos com o mesmo impacto que uma enchente causa, o problema de pessoas vivendo em lugares de risco se repetirá. É preciso quebrar esse ciclo.

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