O “novo normal”

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Resiliência é a capacidade de voltar ao formato original ou se adaptar às mudanças. É justamente isso que precisamos para retomar a vida após meses de meio isolamento e muito impacto. Vivemos na maior e mais rica cidade do País e, embora ninguém no mundo estivesse preparado para lidar com essa pandemia, talvez em São Paulo poderíamos ter feito melhores escolhas. Implementar o megarrodízio e feriadão antecipado foi ineficiente para aumentar o isolamento. E talvez não tenha sido feito o lockdown menos pelo impacto econômico e mais pela vergonha de que as pessoas não iriam respeitá-lo. Durante a semana pudemos ver a reabertura das lojas de rua, um respiro para quem passou muita dificuldade nos últimos meses. Na quinta-feira foi a vez dos shoppings reabrirem as portas com diversos cuidados e restrições. As “praias de paulistano” não são como eram antes, mas o setor está feliz.

Alguns hábitos podem ficar para sempre. Pelo menos é o que indica a pesquisa da Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência. Entre os entrevistados, 51% citam que vão poupar mais dinheiro para se prevenir de outras crises e 47% pretendem continuar o ritual de higienizar todos os produtos que comprarem. O uso de máscara deve continuar na rotina de 41% quando eles estiverem doentes para evitar contaminar outras pessoas, hábito já bastante comum nos países orientais, e 36% vão usar as máscaras quando estiverem em lugares públicos ou com aglomerações como prevenção.

A festa junina desse ano será celebrada em casa. Ao contrário do que foi o Dia das Mães e Páscoa, esperamos que até o Natal seja possível se reunir com a família e amigos. Com a perda de mais de 10 mil vidas, para muitos não será fácil celebrar qualquer coisa esse ano, mas o que ficou claro com tudo isso que ocorreu é a importância de lutar pelo SUS, um dos melhores sistemas de saúde do mundo que só é deficitário por não funcionar nos moldes que a lei prevê.

Em um Brasil polarizado ganhou fôlego o discurso que pede um estado mínimo, mas a crise de saúde evidenciou o quanto fomos e somos dependentes da ajuda do governo, seja com o auxílio-emergencial, postergação de impostos, ou pela imposição de que leitos particulares seriam utilizados em caso de lotação da rede pública, independente de quem paga plano de saúde. Salvar uma vida deve ser a prioridade de todos e a empatia se faz necessária. Também devemos ter empatia pelos comerciantes do bairro e ajudá-los ao consumir em seus estabelecimentos. Nosso poder está na escolha, seja na hora de decidirmos onde vamos colocar o nosso dinheiro ou na hora de selecionar os representantes que queremos ver conduzindo a cidade em uma crise.

Que (re)comece a vida.

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