Incertezas e insatisfação

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Em tempos de incerteza, se informar é fundamental. O problema é que as informações mudam em uma velocidade que é difícil acompanhar. Anunciam a volta das aulas presenciais, depois falam que a presença não será obrigatória, entram com liminar para barrar as aulas e depois a liminar é suspensa. Esse foi o cenário até o fechamento desta edição.

O abre e fecha do comércio também não melhora em nada o clima por aqui. Na sexta-feira (22) houve um protesto contra as restrições a serviços considerados não essenciais, como bares e restaurantes, nos finais de semana. O governo pode não considerar o setor essencial, mas para quem vive dele, mais do que essencial é imprescindível manter sua renda, seu sustento e seus funcionários. A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) estima que ao menos 30% dos bares e restaurantes de São Paulo fecharam depois da Covid-19 e que com novas restrições o estado pode perder mais 20 mil postos de trabalho.

Com isso mais pessoas farão parte da estatística de 14 milhões de desempregados no país, segundo o IBGE. A combinação de desemprego, a alta dos alimentos, dos aluguéis, entre outros gastos que pesam, pode ser a faísca para acender a pólvora. Caso por exemplo do Líbano, talvez não tão repercutido por aqui já que nosso noticiário segue monotemático. Lá, metade da população vive hoje na pobreza, com demissões em massa, hiperinflação e uma crise econômica de proporções inéditas.

Não, ainda não estamos desse jeito, mas os sinais de alerta estão por aqui. Tivemos na quarta-feira (27) um protesto na Praça Charles Miller, no Pacaembu, com presença massiva de caminhoneiros que criticaram o aumento do ICMS (imposto estadual) e o aumento do combustível, que poderia ser neutralizado com a isenção do PIS/Cofins (imposto federal) para derivados de petróleo. Em 2018, tivemos a inesquecível paralisação dos caminhoneiros que deixou a Ceagesp irreconhecível e vazia. Nos próprios mercados alguns produtos frescos não podiam ser encontrados. O motivo da greve? Alta do diesel e impostos.

O fato é que, ao contrário dos moradores da Zona Oeste que estão bastante felizes com a região em que vivem, segundo um levantamento que aparece nas próximas páginas deste jornal, ninguém está satisfeito. Está muito difícil encontrar um denominador comum que proteja as vidas, a atividade comercial, o nosso bolso, a educação. Sabemos que em tempos de crise precisamos de grandes líderes, mas por aqui, em todas as esferas, só vemos tentativas de apagar as brasas mais próximas. Não se considera o incêndio todo.

Talvez a única notícia boa seja aquela monotemática mesmo, a da chegada e ampliação das vacinas.

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