Autoritarismo

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Para quem trabalha na escala usual, um feriado de sábado não costuma ter lá muito impacto. Não é necessário correr para produzir tudo o que precisa ser feito em menos dias, nem se tem a sensação de um dia a mais de descanso. Mas alguns feriados, sobretudo os históricos, têm o papel de nos lembrar de acontecimentos importantes. A Revolução Constitucionalista de 9 de julho de 1932 é um deles. Em um entendimento muito sucinto, a data pode ser considerada como um levante contra o autoritarismo do governo federal, instituído em regime provisório pelo candidato derrotado nas eleições. Curioso e preocupante que um dos temas da semana seja justamente o descrédito que tentam dar ao processo eleitoral, o que só demonstra a importância de revisitarmos e conhecermos a história para defender o que foi conquistado com luta, no sentido literal da palavra.

Essa introdução é uma forma de endossar que, de forma autoritária ou unilateral, dificilmente algo terá boa aceitação. Sobre as notícias regionais da semana, o caso das vielas no Alto da Lapa não chega a ser uma decisão autocrática. Até por ser um projeto que vem de outras gestões, deixado de lado justamente por ser controverso, e que foi implementado parcialmente este ano. O que faltou aqui foi o diálogo, talvez a realização de um encontro com os vizinhos para que a escolha de implementar o projeto fosse tomada de forma coletiva, com aprovação da maioria, já que unânime quase nada é.

O que é lesivo de verdade é ter sua qualidade de vida prejudicada por uma operação comercial que não possui regulamentação específica como aconteceu com as dark kitchens, cozinhas fantasmas ou ainda cozinhas industriais para delivery. Com a pandemia houve um crescimento da demanda por esse tipo de negócio e quem tinha os recursos para investir não perdeu a oportunidade. É algo positivo do ponto de vista da geração de empregos em toda uma cadeia de fornecedores e trabalhadores, além de suprir a necessidade de pessoas que em um cenário sem isolamento tinham outras opções para realizar suas refeições. Mas ter um código a ser seguido de forma a permitir a boa convivência, além de mecanismos punitivos para quem o desrespeitar se faz necessário. E cabe aos nossos representantes na Câmara Municipal estabelecer junto com a Prefeitura essa regulamentação. Prejudicar os outros em benefício próprio também é um autoritarismo.

Que o diálogo construtivo e as decisões participativas sempre prevaleçam. E que capítulos ruins da nossa história não sejam repetidos.

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