Não à Zona Azul na Leopoldina

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Infelizmente, em todo o país, o poder público é reconhecido pelo ímpeto feroz

com que recorre ao famoso ‘jeitinho brasileiro’ para conseguir tirar ainda mais dinheiro do bolso dos já tão sacrificados contribuintes. No trânsito, a chamada indústria da multa vem se perpetuando e aprimora-se como uma das formas de os estados aumentarem a arrecadação de maneira fácil, desmedida e, muitas vezes, ilícita, simplesmente criando infrações ao bel prazer e ignorando os recursos impetrados pelos motoristas.

Por isso, a novidade da chegada da Zona Azul Digital à região da Leopoldina, abrangendo ruas com quase nenhum comércio e um número ainda modesto de prédios como a Paulo Franco, vem causando uma onda de revolta entre os moradores da região.

“Arrumar os buracos das ruas que é bom, nada! Agora para cobrar, rapidinho eles dão um jeito”. Esta frase, que resume a indignação de boa parte da vizinhança expressa nas redes sociais, põe o dedo na ferida de um problema que é crônico: por que, quando é para reverter o dinheiro público em benefícios para a população, há tanta morosidade, ao passo que na hora de impingir taxas e impostos não se pensa duas vezes?

A Zona Azul, aqui na Leopoldina, vai envolver quatro ruas: além de um quarteirão da Paulo Franco, o estacionamento rotativo será implantado em trechos da Schilling, Carlos Weber e Brentano. Com a medida, é claro, não está implícito que os motoristas serão alvo de ‘marronzinhos’ mal-intencionados. Mas criar estacionamento pago em uma via com as características da Paulo Franco ou mesmo da Brentano é, sim, querer tirar dinheiro fácil do contribuinte. Talvez se a obrigatoriedade se restringisse à Schilling e à Carlos Weber, vias onde de fato é quase impossível encontrar vaga para estacionar, a coisa fizesse mais sentido e fosse mais fácil de digerir.

Por enquanto, nos resta enfiar goela abaixo a nota enviada pela CET ao nosso jornal, explicando que “a Zona Azul Digital foi implantada atendendo a pedidos de munícipes e após a análise dos locais com atividades comerciais e de serviços, onde foram constatadas oferta de vagas inferior à procura”. Será? Como moradora do bairro há mais de 25 anos, me permito discordar dessa justificativa. Para mim, que ingresso o coro dos descontentes, o estacionamento rotativo, aqui, parece mais uma medida oportunista. E, assim, os moradores devem lutar para que ela venha abaixo ou, pelo menos, seja revista.

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