Exemplo democrático

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A busca por entender os reais interesses da população e procurar conciliá-los com as estratégias de políticas públicas está na base de um regime democrático. Mesmo que isso signifique, para o governo, ter de voltar atrás em uma ação que, a princípio, teria tudo para beneficiar a comunidade. Foi isso o que vimos acontecer quando a Prefeitura, na semana passada, decidiu suspender a construção de um playground na Praça John Lennon, aqui no Alto da Lapa.

Um parquinho em um espaço de lazer como a John Lennon, que é uma das áreas verdes preferidas dos moradores da região, seria interessante para a valorização dessa praça? Talvez… Mas quando a John Lennon foi incluída na iniciativa da Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos de dotar áreas públicas da cidade de parquinhos para estimular o desenvolvimento de crianças de 0 a seis anos, os moradores mostraram-se contrários à ideia, alegando que um playground descaracterizaria o uso do local. E eles têm razão. A Praça John Lennon, por seu formato aberto e circular, recebe um público bastante específico, em sua maioria pessoas passeando com cachorros ou pais que levam as crianças para andar de bike. Não cabe ali, portanto, um espaço fechado com brinquedos.

“Se a comunidade não quer, não faz sentido avançar com a proposta. Afinal, são os moradores que efetivamente ocupam os espaços públicos da cidade e, sendo assim, podem dizer com mais propriedade o que serve ou não a cada um deles”, destacou ao JG o subprefeito Luiz Carlos Smith Pepe, demonstrando, nesse caso, ter sensibilidade para ouvir a nossa população.

O mesmo aconteceu, um pouco antes, no contato que a subprefeitura teve com os moradores das imediações de outra praça, a Diogo do Amaral, na Lapa. Ali a vontade deles, ao contrário do que manifestaram os moradores do Alto da Lapa, era de que o espaço ganhasse um novo parquinho. A Prefeitura, então, idealizou para esse local um playground lúdico – com parede de escalada, labirinto e pista de bike -, inaugurado no final do mês passado com a presença maciça dos pais e alunos de uma escola próxima, o Espaço Pensar, que festejaram a conquista.

Desses dois exemplos podemos tirar uma óbvia, porém clara, lição: quando se trata de políticas públicas, cada comunidade tem seus próprios interesses e necessidades, que devem ser estritamente respeitados pelo poder público. E para que isso efetivamente aconteça, é preciso que a população se manifeste e cobre. Sempre! E que os governos tenham disposição para ouvir e atender a quem, por força da lei, devem servir.

 

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