Enquanto o prefeito Fernando Haddad promete Mais Médico, uma idosa ficou sangrando na calçada da Rua Marco Aurélio (altura do 780), por quase 40 minutos na noite de quarta-feira, 13, à espera do atendimento do SAMU (Serviço Móvel de Urgência), depois de cair e bater a cabeça no chão.

Vale lembrar que em maio do ano passado quando o prefeito era Gilberto Kassab, esse mesmo SAMU-SP recebeu da Academia Internacional de Despacho de Emergência o Certificado de Acreditação como Centro de Emergências Médicas de Excelência que colocou a cidade em posição de referência internacional na qualidade dos serviços de atendimento pré-hospitalar. Só que na quarta-feira, essa eficiência ficou sem comprovação. Comovidos com a situação da idosa, conhecidos e anônimos ligaram para o serviço (por volta das 20h10). Como a ambulância do SAMU não chegava, o Corpo de Bombeiros foi acionado e em menos de 10 minutos socorreu a mulher. Somente depois o Serviço Móvel de Urgência (?) chegou ao local (a base do SAMU na região fica na Avenida Marquês de São Vicente). O fato confirma aquilo que a população não se cansa de reclamar: o descaso do poder público com a saúde da comunidade. 

A semana também teve manifestação de usuários e funcionários do antigo Posto de Atendimento Médico (PAM-Lapa) da Rua Roma – atual Ambulatório de Especialidades, ligado à Secretaria de Saúde do Estado, que parou o trânsito nas principais ruas da Lapa, quarta-feira. O protesto foi contra uma possível desativação do atendimento de especialidades para instalação de um Centro de Referência do Idoso (CRI) no local. 

A Secretaria de Estado da Saúde afirma que a unidade passará por uma grande reforma e ampliação com investimentos que chega a R$ 6,5 milhões, incluindo atendimento prioritário e especializado a pessoas idosas, mas não esclareceu se o ambulatório será fechado. 

A desativação da UBS da Vila Anastácio era outro temor da comunidade local, que já pode respirar aliviada porque o secretário municipal de Saúde José de Filippi Junior garantiu ao vereador Laércio Benko e ao morador José Mate Junior, na segunda-feira, que a unidade será mantida. Filippi também confirmou aquilo que o Jornal da Gente já noticiou: o Estado e Município retomaram a parceria para reforma do Hospital Sorocabana. Dois andares passaram por uma pequena obra para receber os pacientes do Hospital Cotoxó, que também passará por uma reforma e ampliação. A ocupação será por cerca de um ano, tempo que Filippi acredita necessário para fazer o projeto executivo, licitação e contratação da obra. O Sorocabana deve reabrir as portas no segundo semestre de 2016. 

Esperamos que até lá, idosas não fiquem à espera de atendimento do serviço de urgência da Prefeitura. Aliás, além de “Mais Médicos”, Filippi precisa ficar atento por “Mais Rapidez” no atendimento, sob pena da saúde se transformar em mais um caso de polícia. 

Esta semana quem esteve no auditório do Centro de Treinamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na Avenida Marquês de São Vicente, quarta-feira, encontrou o prefeito Fernando Haddad na cerimônia de sanção da nova Lei da Operação Urbana Consorciada Água Branca. Estava acompanhado de nove secretários (Coordenação das subprefeituras, de Desenvolvimento Urbano, Habitação, Finanças, Serviços, Esporte, Comunicação, Transporte, Desenvolvimento e Trabalho) e seis vereadores (Atílio Francisco, Paulo Frange, Alfredinho, Reis e Nabil Bonduki além de Claudinho). Em meio ao escândalo que envolve a prisão de auditores da Prefeitura e a citação do nome de seu secretário (Antonio Donato – de Governo), Haddad assinou a Lei que substitui a Operação Urbana de 1995 (11.774), ampliando seu perímetro mais de seis vezes. A primeira Lei abrangia os bairros da Água Branca, Perdizes/Pompeia e Barra Funda. Já a nova vai além, adentra Freguesia do Ó, Casa Verde e também Pirituba pela Raimundo Pereira de Magalhães, onde o prefeito incluiu no projeto a construção do Viaduto que vai ligar o bairro à Lapa. Cerca de R$ 600 milhões foram arrecadados nos 18 anos da antiga Lei em outorga onerosa de empresas para construir acima do permitido no zoneamento. Uma das conquistas da comunidade da Pompeia e Perdizes foi a canalização dos Córregos Água Preta e Sumaré, que sem dúvida saiu do papel graças ao empenho da presidente da Associação de Amigos da Vila Pompeia, Maria Antonietta de Lima e Silva, que passou de secretaria em secretaria para solucionar o problema das enchentes. Ela foi convidada por Haddad compor a mesa. Antonietta ficou à sua direita e Ana Paula da Comunidade Água Branca à sua esquerda. A simpatia do prefeito foi destacada por Antonietta que declarou nunca ter visto um prefeito conversar com o povo como fez Haddad. Ele distribuiu sorrisos e beijos, talvez de tensão por conta de tantos problemas nos últimos tempos. O aumento do IPTU suspenso pela justiça, é um deles. Aliás, empresários do comércio e indústria prevêem um efeito cascata com repasse de aumento do tributo ao consumidor, fechamento de lojas, desemprego e aumento no índice da inflação. Se por um lado, Haddad promete benfeitorias à Comunidade Água Branca com recursos da Operação Urbana,  por outro ele esquece que a cidade vai muito além. Não que a Água Branca não necessite, mas se ele fosse até a Vila Leopoldina, por exemplo, em uma breve passagem pelos baixos do Viaduto Mofarrej, encontraria menos favorecidos, inclusive crianças, entregues a própria sorte. É preciso que sua simpatia também seja conhecida em outras localidades onde o aumento de IPTU alcança 20%.  É preciso pensar na Cidade para todos os paulistanos.