Vendas na Ceagesp são interrompidas com a greve

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Foto: Bárbara Dantine

Bárbara Dantine
Boxes permaneceram fechados durante a maior parte da segunda-feira (28)

A Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) iniciou a semana de forma irreconhecível. Na parte da tarde quase todos os boxes estavam fechados e o estacionamento, sempre lotado de caminhões, vazio. O entreposto, que em uma semana normal comercializa entre 60 e 65 mil toneladas de produtos, comercializou durante os primeiros dias da greve dos caminhoneiros 33.839 toneladas, com quedas em todos os setores, sendo frutas (47,6%), legumes (40,2%), verduras (43,2%), diversos (57,1%), pescados (62,5%) e flores (18,8%). O fluxo financeiro caiu de R$ 158 milhões para R$ 86 milhões na primeira semana da greve. Dos 12 mil veículos que passam pela Ceagesp por dia, cerca de 2 mil são caminhões carregados. A média durante a greve foi próxima de 100 veículos. Uma manifestação fechou a Avenida Doutor Gastão Vidigal na segunda-feira (28), quando grevistas foram para a frente do entreposto impedir o acesso de oito caminhões carregados que vinham do interior com produtos para abastecer a Ceagesp.

Prejuízo
Os permissionários falaram sobre os prejuízos e demonstraram indignação com as dificuldades para trabalhar no País. “Estamos vivendo um momento da história do Brasil. Isso ainda vai configurar um livro. O prejuízo é do povo, é de todo o Brasil. O consumidor final não aguenta mais aumento de preço, precisa rever”, diz João Cardoso dos Santos, do Fruta Express. “O setor de fruta está bem fraco ainda. As frutas que vêm do Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste não conseguem passar os bloqueios. Aqui dentro do estado, verduras e legumes começaram a entrar ontem e hoje (29 e 30). Algumas frutas cítricas também. Tem alguns bloqueios que ameaçam os motoristas, principalmente no Norte, Nordeste. A gente acredita que se liberar de hoje para amanhã (31), produtos como manga, melão, uva, maracujá, que vêm de longe, e já começar a carregar no fim de semana, na segunda-feira normaliza. O prejuízo é muito grande, tem muita gente jogando mercadoria fora. Eu joguei fora cinco mil caixas de pinha e mais cinco mil caixas de manga. Sem contar o que é perdido no transporte, porque amadurece. Segunda e terça não tinha nada aqui, ontem a tarde (29) começou a entrar alguma coisa de legumes e verduras. Eu já estou há nove dias sem receber uma caixa”, afirma Luís Pain, do Frutas Pain. “Eu acho que tem que falar a verdade do por que os caminhoneiros estão parados, do por que os permissionários estão parados. A gente não aguenta mais pagar tanto imposto, repassar os aumentos, pagar tanto encargo. A mercadoria não comporta esses preços, tem que entender a realidade do negócio. Inventaram que feirantes vinham confrontar o comboio escoltado de caminhões que iam entrar na Ceagesp. Os caras vieram na humildade porque também não estão aguentando. Somos todos massacrados pelo governo. É um governo muito injusto, está cobrando demais de imposto. Eu acho que aqui dentro o que é bom para os permissionários é se isso aqui fosse privatizado. Se tivesse uma gestão na mão dos permissionários as coisas seriam mais rápidas. Não tem banheiro limpo, água, segurança, portaria, iluminação, asfalto, falta um monte de coisa. E se paga um absurdo por contrato aqui dentro, da um nó na garganta. Eu pago aluguel de R$9 mil aqui e não tem uma torneira. O prejuízo não tem como recuperar, o que passou a gente não consegue mudar, mas consegue mudar o que está para frente. Se isso aqui privatizasse seria a melhor coisa do mundo, teria gestão dos permissionários, não ia precisar de licitação para trocar uma lâmpada. O pavilhão das frutas está para cair. O dia que pegar fogo aí sim vão ver o que é prejuízo”, diz Luiz Fernando Carvalho, da Agropecuária Barão.

Retomada
A Seção de Economia e Desenvolvimento da Ceagesp realizou um balanço sobre os resultados da primeira semana da paralisação dos caminhoneiros, e afirma que o movimento grevista prejudicou muito o abastecimento de hortícolas no Entreposto Terminal São Paulo. O quadro mais grave ocorreu entre os dias 24 e 25, quando entrou somente cerca de 10% do volume habitual de produtos, além da queda do número de compradores e do volume negociado. Os produtos vindos de outros estados foram os mais afetados, mas a produção proveniente do Cinturão Verde de São Paulo conseguiu chegar por caminhos alternativos.

Na quinta-feira (31), feriado de Corpus Christi, os portões do entreposto da capital voltaram a funcionar 24 horas, com um volume de caminhões carregados de frutas, legumes e verduras já próximo da normalidade. Da meia-noite até o meio-dia de quinta-feira, deram entrada no entreposto 829 caminhões com carga, quando o normal são de 1500 a 2000 veículos por dia carregados de produtos. Alimentos que até então estavam em falta, como o mamão formosa e batata, puderam ser encontrados.

A expectativa é que a entrada de mercadorias se restabeleça até a próxima segunda-feira (4), com exceção de alguns produtos provenientes de outros estados, principalmente do Norte e Nordeste, que podem demorar ainda para serem transportados para São Paulo. Para auxiliar no processo de normalização do abastecimento, a diretoria da Ceagesp determinou que os portões do entreposto da capital ficarão abertos para carga e descarga de mercadorias durante 24 horas, até o dia 9 de junho.

Eventos
A programação do Entreposto Terminal São Paulo para o final de semana será realizada normalmente, com o Varejão, feira livre que acontece no Pavilhão MLP aos sábados, das 7h às 12h30, e aos domingos, das 7h às 13h30, Festival da Sardinha, no sábado e domingo, das 12h às 21h, Com entrada pela Rua Xavier Kraus, e o Festival de Sopas, no sábado, das 18h à 1h, e domingo, das 18h à meia-noite, no Espaço Gastronômico da Ceagesp, no portão 4.

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