História e patrimônio

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É cada vez mais raro encontrar nos bairros aquelas casas com muro baixo, tão comuns em décadas passadas. Aliás, cada vez mais difícil ver novas casas sendo construídas, ao contrário dos prédios que, desafiando a crise econômica, não param de subir. Foram vários os fatores que levaram à diminuição da presença das casas com muros baixos, sendo talvez o principal a falta de segurança.

Mas é muito interessante observar como as regiões se transformam ao longo dos anos. Para os mais novos parece ficção ouvir que nas ruas por onde passam todos os dias, a pé ou de carro, havia um córrego aberto, que as pessoas se deslocavam de bonde, e que existiam fazendas onde hoje tudo é concreto.

Conhecer a história do bairro é fundamental para entender a nossa formação como sociedade e compreender como os lugares se transformaram no que são hoje. É fundamental a preservação desse passado e muito válidas são as ações como a Jornada do Patrimômio, que acontece neste final de semana, para ampliar nosso conhecimento histórico.

Entre as atrações desta edição está a Casa Guilherme de Almeida, que foi o autor do lema e brasão de São Paulo Non Ducor Duco (“Não sou conduzido, conduzo”) e que possui em sua charmosa residência em Perdizes quadros dos mais importantes artistas brasileiros, já que todos eram amigos e participavam do mesmo “jet set”. Está presente também a Casa Amarela da Vila Romana, carinhosamente mantida pela herdeira Janice de Piero e muito querida pelos vizinhos. Participam o Sesc Pompeia, Casa das Caldeiras, Memorial da América Latina e Teatro Cacilda Becker, então opções para um programa interessante não vão faltar.

Mas não são só as estruturas que contam histórias. Falar com quem viveu a transformação da região também é uma experiência muito enriquecedora, caso da Dona Amélia que vocês conhecerão mais à frente nesta edição. Descendente de um dos fundadores da Lapa de Baixo, a história de sua família se mistura com a da própria Lapa e de outras personagens que deixaram sua marca por aqui. Em tempos em que não largamos o celular e passamos horas vendo tantos conteúdos dos quais vamos absorver pouco ou quase nada, vale a pena abandonar os eletrônicos, largar os stories das mídias sociais, e ouvir as pessoas que realmente tem histórias para contar.

Vale a pena lutar por esse patrimônio, preservá-lo, para que o inevitável desenvolvimento dos bairros ocorra da forma mais saudável possível. Que a modernidade e a história convivam em harmonia, ligando passado, presente e as pessoas que neles habitam.

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