GCM recupera 500 placas furtadas do Cemitério da Lapa

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Foto: Bárbara Dantine

Bárbara Dantine
Placas serão organizadas e familiares podem escolher se querem retirar ou recolocar nos túmulos

As reclamações em relação à zeladoria do Cemitério Municipal da Lapa são de longa data, mas desde o ano passado tornaram-se cada vez mais frequentes os relatos de furtos de placas dos túmulos nas reuniões de zeladoria e dos Consegs.

Na terça-feira (28) a Guarda Civil Metropolitana prendeu duas pessoas em flagrante e conseguiu recuperar cerca de 500 placas de bronze, que pesavam aproximadamente 800 kg. As peças eram vendidas ilegalmente por cerca de R$ 8/kg. Quatro suspeitos estavam na Avenida Queiroz Filho carregando um veículo com as placas quando foram surpreendidos pela GCM. Duas pessoas conseguiram fugir.

A família de Nair Botiquio tem um túmulo no Cemitério da Lapa há mais de 40 anos. “Minha mãe faleceu em janeiro deste ano e o túmulo estava em ordem. Em maio, no Dia das Mães, visitamos o túmulo e estava tudo bem. Neste dia, procuramos uma floricultura especializada em placas, na intenção de fazer uma para minha mãe e eles nos advertiram que as placas de bronze estavam sendo roubadas constantemente. Nos afirmaram que os ladrões ‘faziam a festa’, saindo impunemente com as placas, portões e até estátuas do cemitério para seus carros. Como assim? Ninguém faz nada? Nos indignamos. A moça da loja sugeriu que fizéssemos uma placa de cerâmica, pois sendo a de bronze, seria só o tempo de colocar e ser roubada. Combinamos então que o pessoal da loja fosse até o túmulo verificar o espaço para colocarmos o nome de minha mãe, na cerâmica. Depois de uma semana, a moça da loja me ligou dizendo que eles tinham ido ao nosso túmulo para fazer o trabalho e algumas placas haviam sido roubadas, inclusive as letras que formavam o nome de minha família. Sentimos uma sensação horrível, um misto de tristeza e revolta, tamanho desrespeito e impunidade”, relata. “Soube que os ladrões foram pegos, não era sem tempo. O bom seria se eles fossem obrigados a recolocar placa por placa, não é mesmo? Ou ao menos, as que ainda não foram derretidas, fossem devolvidas aos donos. Enfim, esperamos que estes episódios de roubo tenham fim e que a conservação e vigilância do cemitério sejam levadas mais a sério”, completa.

A Prefeitura enviou à Câmara Municipal no início de maio um Projeto de Lei que propõe incluir na Lei n°16.703/17 a hipótese de concessão ou permissão de vários serviços, obras e bens, entre eles cemitérios e serviço funerário. Segundo a Prefeitura, a autorização para concessão e/ou permissão no caso dos cemitérios é necessária “diante da baixa qualidade dos serviços que atualmente são prestados”.

Silvio Ciquielo Junior, advogado lapeano e Presidente da Comissão de Direito Médico e da Saúde da OAB Lapa, esteve no cemitério na quinta-feira (30) para ver se as placas dos túmulos de sua família estão entre as que foram devolvidas. “Se encontrarmos as nossas vamos recolocar. A do meu pai eu não fiz em bronze justamente por causa dessa questão dos furtos, fiz em mármore. Ela também foi furtada e não está entre as que foram recuperadas. Independentemente da administração do cemitério continuar sendo pública ou virar privada, eles são responsáveis pelo cuidado, pela segurança”, diz.

Jairo Glikson, presidente do Conseg Vila Leopoldina, afirma que foi aberta uma ação civil pública no dia 17 de maio contra a administração do cemitério e Serviço Funerário do Município de São Paulo por conta da falta de manutenção e conservação de um patrimônio público municipal.

Os materiais que foram recuperados estão em sacos na administração e serão organizados na próxima semana, entre segunda e terça-feira. A partir de quarta-feira, os familiares poderão consultar se suas placas estão entre as recuperadas e optar por recolocá-las ou levar para casa. O atendimento da administração é de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, e a entrada mais próxima é a da Rua Bergson, 347. A administração do cemitério não aconselha a recolocação das placas de bronze, já que podem ser furtadas novamente.

Também estão guardadas no cemitério placas de bronze e uma estátua de aproximadamente um metro e meio que foram recuperadas em outra ocorrência no começo do ano. Os familiares ainda não vieram buscá-las.

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