Memória

0
1868

Além da nossa materialidade, nós somos uma compilação de histórias. Isso vale para qualquer pessoa e também para o caso deste jornal, que há muitos anos acompanha a região e aqueles que aqui se destacam. É interessante acompanhar cada trajetória e os caminhos que as pessoas trilham, e também é triste quando alguém se vai, caso do Dr. João de Sá, cuja partida foi lamentada por entidades e moradores da Lapa.

Cada um lida com a morte de uma forma bastante particular, mas é notável que em um bairro histórico como o nosso, muitas famílias optaram por enterrar seus entes queridos no cemitério da região. É lamentável ver que o local que guarda a memória de pessoas que se foram não é respeitado, com os furtos recorrentes que acontecem lá. São tantas as demandas de segurança na cidade que nem o descanso eterno é garantido. Pelo menos não para os parentes que ficaram.

Segurança também foi o pedido dos ciclistas que participaram da audiência pública para a apresentação do plano cicloviário. A criação de vias para o uso da bicicleta e aumento do número de ciclistas é um caminho sem volta. Cada vez mais a cidade deverá pensar e priorizar transportes não poluentes e trabalhar para que os usuários possam se deslocar com qualidade e segurança. Uma cidade focada no fluxo de carros será algo que vai causar estranheza no futuro, será anacrônico.

E nesse contexto de transformação, dois aniversários chamam a atenção essa semana. Um é o da gigantesca Ceagesp, que há 50 anos coexiste em um cenário urbano que se transformou totalmente e continua em transição. Na solenidade do aniversário havia uma mesa com fotos de diversos períodos do maior entreposto do Brasil. Um ex-funcionário que trabalhou lá por 21 anos via as fotos de tempos passados e lembrava com carinho das histórias que viveu. Ele também lamentou a falta de cuidado e estrutura da companhia hoje, que chega a parecer proposital para justificar a saída do entreposto da Vila Leopoldina.

O outro aniversariante é o Parque da Água Branca, criado a pedido de criadores de animais e fazendeiros para ser a sede da Secretaria da Agricultura do Estado, mas que hoje é palco para diversos eventos, feiras e muitas atividades culturais, especialmente para as crianças. É também um descanso para os olhos e pulmões com uma área verde em meio a uma agitada avenida, cheia de prédios e casas noturnas.

O papel de um jornal é registrar essas histórias, as boas e ruins, sobre aquilo que vai embora e o que permanece. No nosso caso, acompanhamos os numerosos acontecimentos da região. Histórias que marcaram poucas pessoas ou que foram impactantes para várias ao mesmo tempo. Juntos, construímos a nossa história.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA