Vigilância

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Vivemos em um tempo onde a comunicação é facilitada, mas é preciso estar sempre atento quando a práxis política e dos grandes grupos econômicos é a de ter belos discursos diante de quem os questiona, mas na hora de cumprir o prometido atender apenas seus próprios interesses.

Um exemplo é o Allianz Parque. Não há dúvidas sobre a importância e valor cultural do futebol e de eventos artísticos e musicais. A emoção de ver ao vivo uma banda que se gosta é indescritível, assim como acompanhar as partidas do time de seu coração. Porém, o lazer de uns não pode prejudicar a qualidade de vida de outros. E conviver com pelo menos dois eventos semanais de grande porte não é fácil.

Desde a reforma e reabertura do estádio, vizinhos se manifestam sobre o impacto que a realização desses eventos tem em suas vidas, seja pelo barulho de shows, transtornos de trânsito, comércio irregular, problemas com a limpeza, que já fizeram as ruas próximas amanhecerem cheias de cacos de vidro, entre outros.

É de se questionar se um estádio desse porte deveria estar inserido bem no meio de um bairro, mas o fato é que ele está lá, não vai sair, e não adianta discutir hipóteses irrealizáveis. Mas sempre é possível melhorar. Essa semana foi apresentado um relatório feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas que mediu o nível de ruído em shows realizados na arena. O resultado foi o esperado, há som que ultrapassa o limite adequado para a região e horário. Os vizinhos querem algo bastante justo: medidas para mitigar o desconforto de conviver com um empreendimento gigante, que fatura bastante com os eventos que realiza.

E por falar em gigante, foi realizada a (possivelmente) última audiência pública sobre o PIU Leopoldina, que agora segue em discussão na Câmara. É bem-vindo qualquer tipo de revitalização ou requalificação urbana, com novos equipamentos para a população e habitação de interesse social em uma cidade onde o problema de ter moradias dignas para todos parece crônico. E nem é preciso falar que a falta de um local adequado para morar culmina em problemas de saneamento básico, educação e segurança que acabam afetando a todos.

O projeto está em discussão desde 2016, com bastante alinhamento da Prefeitura e dos proponentes, que obviamente têm todo o interesse de “ganhar” o leilão que permitirá a realização do projeto. Vão, ou pelo menos prometem, trazer benefícios para as comunidades do entorno da Ceagesp. É não há dúvida que também vão faturar muito com a exploração do potencial construtivo.

É preciso ficar vigilante e cobrar esses gigantes que têm o poder de transformar uma região, para que o lucro de uns, não atrapalhe o dia a dia dos outros.

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