Viver bem

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O que faz nos sentirmos vivos? Certamente o medo da morte é uma das coisas e, nesse sentido, a pandemia tem causado muito impacto. Além das mortes que de fato ocorreram, morreu também a nossa liberdade, ao menos para quem corretamente respeitou a quarentena. Projetos que eram a forma de sustento de muitas pessoas também morreram, ou tiveram que ser adiados. Principalmente, morreu a sensação de segurança, talvez falsa, de que temos algum controle. Estamos todos conectados.

Não basta nos sentirmos vivos. Queremos qualidade de vida. Ter um lugar para morar é um dos fatores básicos para isso. Nosso plano diretor estratégico prevê uma cidade que mantenha nos bairros características plurais. Essa pluralidade já existe em vários locais, mas muitas pessoas preferem fingir que não veem os problemas sociais, o que é muito mais fácil quando esse problema não está no seu muro ou calçada.

Desde 2016 acompanhamos o PIU Leopoldina, que na primeira vez em que foi apresentado deixou mais dúvidas do que esclarecimentos. O debate evoluiu e hoje encontra-se na Câmara para ser discutido e aprovado como lei. Duas coisas são claras: há déficit habitacional na Vila Leopoldina e há interesse imobiliário com cifras difíceis de medir se considerarmos a saída da Ceagesp, que é o último grande terreno livre no coração da cidade. Incontáveis audiências já foram feitas. Os argumentos das partes afetadas se mantêm. De um lado a cobrança por moradia digna, do outro questionamentos sobre a formatação do projeto por parecer que a Prefeitura está beneficiando a iniciativa privada. Como falado na última audiência, qualquer projeto que for realizado tem um timing. Se o tempo de concretizá-lo for perdido, outra coisa será feita, que pode ser pior ou melhor do que aquilo que temos hoje. Vale a pena esperar para ver?

Voltando ao assunto sobre nos sentirmos vivos, se tem uma coisa com esse efeito é a arte. Em suas muitas formas ela provoca sentimentos e emoção. Para fazer uma reflexão sobre o momento que vivemos, a ARCA, também na Vila Leopoldina, recebe uma exposição no formato drive-thru. Uma forma incomum de consumir arte e bastante acessível, seja pelo preço ou por não ser necessário ter um carro para participar da experiência. É lamentável tantas pessoas dispostas a pagar caro em museus internacionais, mas que não se inspiram para investir em talentos nacionais. É a arte que nos torna pessoas mais informadas, dá senso crítico e faz entender melhor o mundo à nossa volta. Nos faz tomar decisões melhores e ter um olhar mais empático em relação ao outro. Precisamos nos sentir vivos e nos importar com quem dividimos essa experiência de existir, que estão tão próximos da gente.

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