Exclusão política

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Foi bastante oportuna a visita do presidente da Câmara Municipal, vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR), à redação do JG na quinta-feira,10. Num descontraído café da manhã Antonio Carlos abordou com muita clareza e habilidade um tema de vital importância em época de eleição municipal: o relacionamento entre vereadores e os bairros da gente.
O presidente da Câmara confirma uma realidade ruim para nós que moramos e/ou trabalhamos na região administrativa da Sub Lapa. Não se vê, em votações importantes, como a Lei Orçamentária, nenhum parlamentar fazendo a defesa dos interesses da Lapa, Leopoldina, Romana e Jaguaré.
Enquanto que as comunidades de outros bairros são contempladas com grandes equipamentos como hospitais e escolas, por exemplo, sempre amparadas pelo salutar “lobby” político, nós ficamos em segundo plano. De fato, não temos uma interface regular com o Poder Legislativo. Falta o vereador que nos conheça plenamente; que nos apóie integralmente.
Quem entra no site da Prefeitura à procura de notícias irá encontrar várias manchetes informando sobre a inauguração do Hospital Municipal do M´Boi Mirim, cuja gestão foi confiada ao Hospital Israelita Albert Einstein. Na leitura dos fatos, não se pode ignorar que naquela região é forte o “lobby” de um vereador ligado ao DEM, partido do prefeito Kassab.
Outro aspecto abordado pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo foi o fato da Lapa não contar com representação política que, de alguma forma, possa influir na indicação do subprefeito.
A partir das observações feitas pelo vereador Antonio Carlos Rodrigues podemos concluir que a despolitização lapeana nas últimas décadas nos deixou frágeis em termos de poder de reivindicação. Temos lá nossa parcela de culpa nesse processo de distanciamento da região da Lapa da cena política. Mas a própria política nos marginalizou, uma vez que não existe nenhum partido – grande ou pequeno – com diretório zonal em sintonia com as demandas locais, sejam elas econômicas, estruturais, sociais ou ambientais.
A região onde moramos e/ou trabalhamos é, hoje, a completa negação da prática político-partidária. Não estamos falando, evidentemente, daquela política clientelista, demagógica, mas daquela verdadeiramente indispensável por ser expressão da cidadania. Se, legitimamente, aspiramos à nossa reinclusão na política paulistana temos, antes de de tudo, questionar de forma incisiva os diretórios zonais: afinal, vocês existem ou são apenas objetos de ficção?

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