São Camilo transplanta medula sem transfusão

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Hematologista explica procedimento do transplante sem transfusão

O serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital e Maternidade São Camilo, unidade Pompéia, realizou o primeiro transplante de medula óssea autólogo, ou seja com células retiradas do próprio paciente, sem transfusão de sangue.
O procedimento foi feito em uma jovem paciente de 14 anos, Testemunha de Jeová, que era portadora do linfoma de Hodgkin (câncer do sistema linfático) e que por motivos religiosos não queria se submeter ao procedimento convencional com transfusão de sangue.
O hematologista do hospital e médico responsável pela realização do transplante, Roberto Luiz da Silva, esclarece que o procedimento foi realizado em 30 de outubro de 2005, mas o caso não foi divulgado porque aguardava os resultados na paciente transplantada. “Após um ano, a paciente está bem. Mas a gente só considera cura após cinco anos do transplante”, esclarece Silva.

Procedimento

Segundo ele, esse tipo de transplante já era realizado em alguns centros especializados no mundo, mas sem nenhum registro de sucesso entre menores de 18 anos. “É o primeiro relatado no Brasil e também o primeiro feito em uma criança no mundo”, enfatiza o médico.
Silva explica ainda que em cirurgias deste tipo são prescritas transfusões de sangue para se evitar anemia e riscos de sangramento, mas com a técnica é possível optar pela não transfusão de sangue e utilizar medicamentos. “Neste caso, foi usada quimioterapia em altas doses com o resgate de célula-tronco”, conta o médico, acrescentando que o material foi congelado e com a quimioterapia as células da medula foram mortas. “Já no pré-transplante utilizamos drogas à base de hormônios para estimular três vezes mais a medula. Estimulamos a medula da paciente por 13 dias, durante a quimioterapia, o transplante e após o procedimento”.
Outra providência descrita nos protocolos internacionais e seguida pela equipe médica de Silva foi a redução da coleta sanguínea diária, trabalhando com o menor volume necessário para a realização de exames.
Além disso, a paciente recebeu doses de ferro, ácido folínico e vitaminas B12 e K que ajudaram o organismo a produzir sangue. “Este caso demonstra que o transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas, sem uso de transfusão é possível em situações especiais, onde há o desejo do paciente associada a condições clínicas favoráveis e acompanhamento médico especializado e rigoroso”, explica o hematologista.
Ele acresenta que a objeção pessoal à transfusão sagüinea, antes de sifnificar um desafio ao tratamento médico adequado, pode representar um desafio para o desenvolvimento de alternativas terapêuticas, “contribuindo para o avanço da medicina”, finaliza o especialista.

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