Ao abrir, no Sesc Pompeia, a segunda edição da Virada Inclusiva , no sábado, 3, a secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência Linamara Bastiella, lembrou que o evento é uma forma de fazer com que sociedade reflita sobre a importância da adoção de práticas de inclusão para milhões de brasileiros portadores de algum tipo de deficiência.
Se nos dispusermos, no plano regional, a atender o chamado da secretária, veremos que, não obstante avanços realizados tanto pelo governo estadual quanto pelo municipal, as políticas públicas nesse setor precisam ser potencializadas.
Evidentemente não há como deixarmos de elogiar as iniciativas do ex-governador e ex-prefeito José Serra de criar secretarias específicas para a tutela dos direitos e programas criados para portadores de deficiência. O mesmo vale para a deputada federal Mara Gabrilli (membro do G-10), a quem Serra, no início de seu mandato como prefeito (2005), confiou a missão de organizar a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, pasta que também seria criada por ele na sua gestão frente ao governo de São Paulo, conduzindo ao cargo Linamara Battistella.
Porém, é imperioso lembrar que existem várias lacunas diante das quais o próprio poder público silencia. Basta lembrar o caso recente envolvendo o prédio do Fórum Regional da Lapa localizado na Rua Aurélia, onde uma enorme escadaria levando ao gabinete dos juízes denunciava o descaso com a questão da acessibilidade.
Também vale recordar que, embora com certas adaptações feitas ao longo dos anos, a sede da Subprefeitura da Lapa, na Rua Guaicurus número 1000, deixa muito a desejar quando o assunto é justamente acessibilidade. O gabinete do subprefeito fica no andar superior e só se chega a ele subindo uma escada. O auditório da Sub é outro local complicado para pessoas portadoras de deficiências. Recentemente, quando da realização de Audiência Pública sobre o orçamento municipal, um casal de cegos teve enorme dificuldade em se acomodar no recinto que conta com dois níveis distintos: um mais alto e outro mais baixo. Diante desse quadro, fica evidente que o orçamento municipal precisa dotar a Sub Lapa de recursos capazes de viabilizar reformas no tocante à acessibilidade.
E por falar em audiências públicas realizadas na região da Subrefeitura da Lapa, vale registrar a total fata de consideração para com os deficientes auditivos. Lamentavelmente, tais eventos não contam com interpretes de Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
Esse é o tipo da lacuna que pode ser facilmente preenchida, pois as Faculdades Integradas Rio Branco, com sede na Lapa de Baixo, tem no seu curso de Pedagogia um amplo e detalhado programa de difusão desse tipo de linguagem coordenado por especialistas.