Assinatura histórica

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A caneta com qual a governador Geraldo Alckmin assinou, na terça-feira, 17, o documento de cessão de posse do Hospital Sorocabana para a Prefeitura de São Paulo bem que poderia ser entregue ao Centro de Memória da Lapa, instalado na antiga Biblioteca Cecília Meirelles, e lá ganhar um lugar de destaque, pois o momento que ela eternizou entra para a história das lutas comunitárias.

A cessão de posse em si é ato de uma explicita vontade política (parceria entre Estado e Prefeitura) a serviço da população. Porém, ela só se concretizou mediante ações que aqui merecem ser ressaltadas. Uma delas é a persistência deste jornal em tornar público, desde 2006, a dramática, situação do Sorocabana, a partir da publicação de inúmeras matérias relatando mandos e desmandos no âmbito da Associação Beneficente Hospitais Sorocabana, entidade que fez nascer o hospital da Rua Faustolo no final dos anos 50 e igualmente responsável pelo seu fechamento em setembro de 2010.

Ao receber as denúncias relatadas pelo jornal, o poder público municipal passou a entender e admitir que havia algo de muito errado (e mesmo suspeito) na administração de um equipamento da área de saúde que só se mantinha de pé por conta dos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja dinheiro público.

Ao ter acesso à realidade de um hospital em pleno processo de sucateamento e vivendo quadro pré-falimentar, moradores, empresários, associações de bairro e entidades corporativas iniciaram uma mobilização articulada com o objetivo de resgatar o Sorocabana, lutando para que ele fosse municipalizado.

O diálogo do JG com o G-8 e o G-10 (grupos de parlamentares engajados com as demandas da região da Subprefeitura da Lapa); com a equipe da Secretaria Municipal de Saúde (em particular o secretário adjunto José Maria Orlando e o assessor Domingos Hernandes); além do contato direto com o prefeito Gilberto Kassab, resultou numa costura política bem sucedida que impulsionou a formalização do acordo firmado entre Estado e Prefeitura.

Somadas, todas essas ações fazem da retomada do Hospital Sorocabana um processo emblemático do ponto de vista da luta pela cidadania, ou seja, da luta pelo direito à Saúde, conforme expresso  na Constituição Federal.  Um processo do qual todos nós, enquanto comunidade, devemos nos orgulhar, afinal, a conquista de um  Sorocabana municipalizado é algo que não diz respeito apenas aos bairros da gente, mas sim à cidade como um todo e também à Região Metropolitana, pois o hospital da Rua Faustolo também era referência para municípios como Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras e Osasco.

Espelhados no processo Sorocabana, certamente seremos igualmente vencedores em outras lutas comunitárias. E hoje, a mais significativa delas é a da construção de uma nova sede para o Fórum da Lapa.     

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