Ponte da discórdia

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A Ponte Raimundo Pereira de Magalhães ainda nem saiu do papel e já está dando o que falar. Esta semana a futura “obra de arte” que vai ligar Pirituba à Lapa, foi tema das reuniões da diretoria da Amocity (Associação de Moradores da City Lapa – Canto Noroeste) e do conselho gestor da Operação Urbana Consorciada Água Branca. 

Enquanto o conselho debatia, na segunda-feira, o primeiro pacote de prioridades (cerca de R$ 1,3 milhão) para dar início à emissão de Cepacs (Certificado de Potencial Adicional de Construção) e arrecadar recursos para as intervenções na area expandida da operação, o presidente da Amocity, Jairo Glikson, se reunia com a presidente da Assampalba (Associação de Amigos pela Preservação do Alto da Lapa e Bela Aliança), Maria Laura Zei, com o objetivo de somar esforços para mudar o traçado da ponte. As duas associações (Assampalba e Amocity) chegaram a um consenso sobre a necessidade de mudar o projeto da ponte que vai desembocar dentro da Lapa, na altura da Escola Estadual Alexandre Von Humboldt, na Vila Anastácio – uma area que passa por transformações urbanísticas com a substituição de antigos galpões por condomínios modernos.  O que já significa um crescimento na frota de carros dentro de ruas antigas próximas da várzea do Rio Tietê. A Amocity transformou o assunto em um abaixo-assinado para mobilizar moradores e entidades da Lapa sobre os impactos negativos que a ponte vai causar no bairro.

Segundo o secretário de Infraestruturas e Obras, Roberto Garibe, o projeto está em fase de contratação. Motivo pelo qual, o presidente da Amocity corre contra ao tempo. Glikson frisa que não é contra a ponte, mas sim contra os impactos que virão se ela não for alterada. Esta semana ele conseguiu dois reforços na Câmara Municipal: o apoio do vereador Coronel Camilo (PSDB) e de Ari Friedenbarch (Pros). Agora a ideia é reunir o maior número de adesões em um abaixo-assinado para encaminhar as autoridades para mudar o traçado. 

Já na reunião do conselho gestor para eleição do pacote de prioridades (como 1250 habitações, creches, escolas, parques, Unidades Básicas de Saúde e Ama etc e também a ponte) da Operação Urbana, não houve consenso. Os representantes de moradores, Ongs e universidades pediram o adiamento da decisão por uma semana, mas não teve jeito, os representantes do governo votaram e aprovaram um pacote de propostas mesmo sem detalhamento das intervenções ou ordem de prioridades das propostas, que era o motivo da reunião. A pressa para emissão do lote de Cepacs é para dar início às intervenções da Operação Consorciada que teve a ponte incluída na última hora. 

Para a representante das universidades e professora da FAU/USP, Paula Santoro Paula, “a operação urbana vai começar com uma ponte (da Raimundo Pereira de Magalhães) fora da operação urbana”. Ela defende que os investimentos em equipamentos, habitações, praças e mobilidade e outros comecem pelo perímetro antigo, da operação de 1995, e não pelo limite da area expandida, que é a ponte. O conselho foi eleito e tem o poder de escolher as prioridades da operação, mas a construção de uma proposta de prioridades por meio de um processo participativo foi abalada. Ao que parece, em vez de unir, a ponte está provocando discórdia. 

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