A família de dona Cleuza Aparecida de Souza vive há 13 anos em barracos improvisados (mocós) na calçada da Rua Hassib Mofarrej, na Leopoldina. Ela esteve na reunião do Fórum Social da Leopoldina, na terça-feira, 24. Saiu do mesmo jeito que entrou e voltou para seu mocó na calçada. Com mais de uma década no local, ela diz que já recebeu a visita de vários representantes da Prefeitura.
Dona Cleuza conta que foi obrigada a ir para a rua depois que perdeu sua casa. “Morava em Embu-Guaçu, tinha marido (com problema com álcool) e quatro filhos”, conta Cleuza. “Comprei um terreno e fiz a casa. Quando estava quase tudo pronto veio uma pessoa e disse que era dono. Fui enganada (pelo vendedor) e tive que sair. Sem ter para onde ir, viemos pra cá. Faz mais de 13 anos que estamos aqui. Aqui vive eu, minhas filhas, minha irmã (Rosa) e minhas sobrinhas”. Segundo Cleuza, há dois anos agentes da Prefeitura estiveram no local para cadastro de habitação. “Vieram aqui, conversaram e disseram que voltariam, até hoje não voltaram. Por várias vezes eles falaram que a gente tinha que ir até a Prefeitura, no Centro. Já andamos tanto que ficamos com o pé machucado”. Nos 13 anos que mora na calçada, a família cresceu. “Uma das crianças chegou aqui quando tinha três meses, hoje está com 14 anos. Fizeram o cadastro desde que a gente chegou, mas já fui na Habitação e ninguém encontra nada”.
Cansada de esperar por uma providência, dona Cleuza vê o tempo passar sentada na porta do barraco. Uma de suas filhas foi morar com o namorado e deixou o local. A outra está grávida. “Como ela está para ter o filho tenho que ficar por perto. Será mais um para viver aqui”, constata a moradora da calçada da Hassib Mofarrej que já contabiliza quatro crianças com menos de 15 anos: um tem 2 anos, outro tem 6, mais um com 10 anos e uma menina com 14 anos.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informa que na próxima semana o serviço de abordagem vai acompanhar dona Cleuza até a (Secretaria da) Habitação para verificar a situação do seu cadastro. O órgão informa ainda que, caso dona Cleuza não tenha, o cadastro será feito.