Dialogar para melhorar

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Com a divulgação dos dados do Mapa da Desigualdade 2017, da Rede Nossa São Paulo, é inevitável a reflexão sobre o que precisamos fazer para melhorar como sociedade. A diferença de expectativa de vida entre os bairros nobres e periféricos é de 24 anos, número ocasionado tanto pela violência como pela dificuldade de acesso à saúde. A Lapa, em toda sua complexidade, apresenta tanto índices bons quanto ruins. Perdizes é apontado como um dos 11 bairros que não têm favelas. A espera para conseguir uma consulta com um clínico-geral na Jaguara é em média de três dias, enquanto na Liberdade esse número pode chegar a 76. Uma pequena vitória se considerarmos que o distrito estava entre os 34 piores na relação do ano passado.

A necessidade de melhorar e o surgimento de problemas fazem parte da dinâmica de qualquer cidade. Precisamos de uma campanha de conscientização para que a população e comerciantes parem de jogar lixo em locais inadequados, o que além de ser prejudicial à saúde e mobilidade, entra nas despesas da Prefeitura Regional. E esse gasto reincidente também está ameaçado com o anúncio de que em 2018 o orçamento será ainda menor do que foi este ano.

Com recursos limitados, é difícil atender o básico das necessidades da região. Realizar investimentos que promovam qualidade de vida é ainda mais complicado. Com o anúncio do CTA (Centro Temporário de Acolhimento) na Lapa de Baixo, a população ficou preocupada com os malefícios que isso poderia trazer ao bairro, como a violência contra os moradores, uso de drogas e desvalorização dos imóveis. Criticaram também a forma como foi feito o anúncio da instalação do equipamento, com publicação no Diário Oficial sem nenhum diálogo preliminar com a comunidade. Fato esse que foi motivo de mea culpa pelo representante da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social na reunião da AALB realizada na segunda-feira (23). Mas é preciso pensar no cerne da questão. Nenhum ser humano com um mínimo de empatia pode desejar que alguém que vive nas ruas, sem teto, sem comida e, principalmente, sem perspectiva de sair dessa situação, continue assim. Em sua essência, a instalação de um equipamento com o objetivo de recuperar essas pessoas e introduzi-las de forma funcional na sociedade é algo muito bom. Mas dar qualidade de vida para alguém não pode ser prejudicial aos demais.

Muitas vezes resolver um problema é criar outros. É preciso medir se esses novos conflitos encaminham a sociedade para um bem maior. E sempre, sem exceção, é preciso dialogar para entender as necessidades de todos os envolvidos. Viver em comunidade é um eterno processo de adequar o meio para que ele seja benéfico ao maior número de pessoas. Aceitar uma condição adversa, como a instalação do CTA, é algo que deve ser considerado, já que pode melhorar a vida de muitos cidadãos e, um dia, reduzir a grande desigualdade existente na cidade.

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