Projeto Nossa Vila Limpa revitaliza três avenidas no Jaguaré

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Foto: Bárbara Dantine

Bárbara Dantine
O projeto Nossa Vila Limpa, uma parceria entre as empresas Inova, Loga, Prefeitura e a própria comunidade, que não só atua na revitalização dos espaços, como também age no principal foco para a melhoria, que é a educação e conscientização da população

O prefeito regional da Lapa, Carlos Fernandes, em sua apresentação do balanço de ações de 2017, cita o projeto Nossa Vila Limpa, em andamento na Vila Nova Jaguaré. A comunidade com alta densidade populacional passou por diversas intervenções, sendo que o processo de reurbanização ocorreu em 2006. Porém, o descarte irregular de lixo e entulho foi por muitos anos um estigma no local. Não apenas por causa de moradores que amontoavam seus materiais inservíveis nas ruas mais baixas do bairro, mas também pela ação de pessoas de fora que passavam pela Marginal Tietê e utilizavam o local para abandonar lixo.

Após a experiência positiva no Jardim Elisa Maria, na Brasilândia, foi trazido para a Vila Nova Jaguaré em 2017 o projeto Nossa Vila Limpa, uma parceria entre as empresas Inova, Loga, Prefeitura e a própria comunidade, que não só atua na revitalização dos espaços, como também age no principal foco para a melhoria, que é a educação e conscientização da população.

 

Para a implantação do projeto é preciso em um primeiro momento identificar os líderes, associações e equipamentos da comunidade, que possam disseminar a proposta do projeto. Depois, começa a fase de divulgação das datas em que a coleta passa e os locais adequados para o descarte com a instalação de equipamentos de coleta mecanizada subterrânea da Loga e contêineres para a colocação de entulho. Três vias foram identificadas como grande foco de entulho e descarte irregular, as avenidas Onófrio Milano, Torres de Oliveira e Gonçalo Madeira. Onde antes havia sujeira, focos de mosquitos e ninhos de ratos, hoje está revitalizado, com grafites e plantas. Aos poucos o trabalho começa a dar resultado, como explica o coordenador geral do projeto Ionilton Aragão. “Quando não tem caçamba, inibe o descarte. Precisamos trazer o morador para o projeto, frequentar o nosso espaço, com orientação e acolhimento, entender a importância do que fazemos com a ajuda deles. Assim, o projeto se torna autossustentável e não volta mais a ser como era antes”, relata.

Outra frente de atuação importante é a contratação de moradores da comunidade pela Inova para o trabalho varrição do bairro onde moram. Na Vila Nova Jaguaré, é possível ver 6 coletores da Loga e 5 varredores da Inova para realizar o trabalho de zeladoria. “Nada melhor  do que as pessoas do local para conhecer os problemas do bairro”, afirma Juliana Silva, coordenadora local. “Aos pouquinhos conseguimos coibir os moradores de descartar lixo e entulho na rua. Com a coordenação diária que a gente passa os moradores começam a se conscientizar”, declara Bruna Alves de Sousa, moradora da Vila Nova Jaguaré que hoje trabalha no projeto Nossa Vila Limpa. O próximo passo do grupo é conseguir o patrocínio para realizar atividades esportivas com crianças na comunidade.

Revitalização humanitária

Na Avenida Onófrio Milano, em meio a grande quantidade de lixo que era jogada no local, estava a moradia do Senhor Robertinho, uma van abandonada. Com a revitalização do espaço, ele também ganhou melhorias, com a pintura da sua van, que hoje é um ponto em que muitas pessoas da comunidade vão para tirar fotos e selfies. A presença do Robertinho foi criticada por alguns moradores inicialmente, mas agora, que conseguiu se curar do alcoolismo, ele até realiza serviços para os moradores. “Já fiz duas entregas hoje”, afirmou ao JG na quarta-feira (7). Apesar de não ser ideal em muitos aspectos, Robertinho mostra orgulhoso sua van, com cama, TV e ventilador. Um pequeno lar. Cabe ao governo pensar políticas públicas especiais para as comunidades, com características tão únicas de ocupação do solo, com diversas construções particulares e comerciais nas calçadas, que funcionam como almoxarifado e extensão das moradias, e considerar que moradores dos conjuntos habitacionais também são proprietários de veículos, e que as habitações devem contemplar estacionamentos, o que evitaria em grande parte a ocupação das calçadas por carros.

Bárbara Dantine
Senhor Robertinho e sua van

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