Sobrevivência

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1996

Cada pessoa sabe quais são as dificuldades de sua vida. Às vezes é a falta de conforto material. Ou se o dinheiro não for o problema, pode ser a saúde ou os relacionamentos. A insatisfação e necessidade de sempre procurar por algo que não se tem é uma constante em toda a humanidade.

Mas esses são conflitos das pessoas que não precisam se preocupar com o básico. Nos dias de tempo frio isso fica mais evidente. Enquanto alguns gostam das baixas temperaturas e outros reclamam por se sentirem menos dispostos, tem muita gente que talvez não sobreviva ao clima para ver o amanhã.

Tivemos durante a semana a mobilização da Prefeitura para acolher as pessoas que estão em situação de rua. As que aceitaram, foram encaminhadas para equipamentos da assistência social. Clubes, como o Pelezão, também foram adaptados para auxiliar no recebimento dessa população.

Existe uma estrutura e profissionais muito comprometidos em reduzir os problemas que estão diretamente ligados ao nosso histórico de desigualdade social. É muito importante que o governo realize essas operações emergenciais sempre que fatores externos, como o clima, dificultem ainda mais a vida das pessoas vulneráveis. Mas ao mesmo tempo, como o próprio nome indica, isso deve ser feito em casos atípicos, de emergência, e não como uma política pública. E é triste ver que muitas vezes a comunidade só se mobiliza quando algo a incomoda. Reclama da presença de barracas em frente de sua casa, mas, se vir uma pessoa coberta da cabeça aos pés dormindo na calçada em qualquer outro local da cidade, isso passa despercebido, pois já foi naturalizado como “cenário urbano”.

É preciso propor o debate sobre como auxiliar aqueles que precisam. Será um dever exclusivo do estado? Ou o estado deve ser mínimo e a própria comunidade e associações se organizarem para auxiliar? Existem empresas que sem nenhum estímulo ou fim lucrativo têm interesse em suprir a necessidade assistencial da cidade? É evidente que o governo sozinho não dá conta de garantir o bem-estar de todos os cidadãos. E isso não é de agora. Temos como exemplo na região a Sociedade Beneficente União Fraterna, que tem sua origem ligada ao conceito de associativismo e, entre outras funções, oferecia serviços de saúde para os imigrantes que chegavam ao país.

Nossos debates têm girado em torno da necessidade de reaquecer a economia, cortar gastos, etc. É importante que o país volte a crescer, mas isso deve beneficiar toda a população, com oportunidades e acesso aos serviços que garantem uma sobrevivência digna. Se a geração de riqueza não for acompanhada de desenvolvimento social, estamos apenas produzindo conforto para uns e miséria para outros.

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