Uma questão de qualidade de vida

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Mais 60% dos moradores de São Paulo mudariam da cidade se tivessem uma oportunidade. Quando tive acesso a esse dado, que faz parte de uma pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo, não tive como evitar me questionar: será que, depois de mais de 25 anos morando aqui na região da Leopoldina, eu estaria disposta a deixar o bairro e o agito da capital em busca de uma pretensa ‘melhor qualidade de vida’?

Fiz, então, uma breve retrospectiva das imagens que guardo desse período, desde a primeira vez que passei pela Avenida Professor Fonseca Rodrigues e pela frente do Parque Villa Lobos, virei na Avenida Padre Pereira de Andrade e entrei na Avenida Queiroz Filho, avistando o muro do Cemitério da Lapa. O contraste entre a beleza dos canteiros arborizados do início do trajeto e a melancolia do cenário composto pelo cemitério, confesso, me balançou um pouco…  Mas decidi seguir em frente.

Na sequência, já no ‘coração’ da Hamburguesa, me detive em analisar o quadrilátero formado pelas ruas Schilling, Carlos Weber, Mergenthaler e Avenida Imperatriz Leopoldina, que, no final dos anos 90, ainda não tinha o glamour de hoje, predominando alguns galpões e famigerados botequins. No final, pesando prós e contras, me senti acolhida, segura e ‘salva’ por uma boa padaria bem na esquina do prédio que vim a comprar e onde moro até hoje.

Nessas mais de duas décadas, a região se transformou para melhor, pelo menos em termos de infraestrutura urbana e de serviços. A ‘caixaria’ da CEAGESP deu lugar a condomínios clube e as lojas, farmácias, institutos de beleza, restaurantes e lanchonetes tomaram o lugar de antigos imóveis deteriorados.

Já a segurança, como em cada canto de São Paulo, deixa um pouco a desejar. Mesmo assim, isso nunca foi empecilho para que eu e minha família curtíssemos o bairro, saindo para comer, tomar um sorvete e passear com nossa filha e com a filha adotiva de quatro patas.

Por essas e outras, me sinto privilegiada por ter descoberto um ‘oásis’ na Vila Hamburguesa. Posso dizer, hoje, que faço parte dos 40% dos paulistanos que não deixariam São Paulo por causa da qualidade de vida ruim que a cidade oferece. São Paulo é assim, uma metrópole de contrastes, que nos acolhe e nos amedronta por sua grandeza. Mas, para quem nasceu e vive aqui, a ligação com esta cidade é eterna!

 

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