Reintegração pode por|fim a projeto musical

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Maestro: ensino tudo que aprendi

As aulas de música do maestro Valter
Cordeiro Campello estão com os dias contados na sede da Rua Antonio
Raposo, 47, casa anexa a Escola Estadual Anhanguera. O motivo é que a
Procuradoria Geral do Estado solicitou a reintegração de posse do
imóvel a pedido da Diretoria de Ensino Centro Oeste (requerida pela
direção da própria escola Anhanguera), com base no tombamento do
conjunto arquitetônico do prédio que inclui a casa onde acontecem as
aulas do instituto (fundado pelo maestro) há 7 anos.
O juiz concedeu liminar para reintegração de posse ao Estado em 6 de
abril. O escritório de advocacia Mário H. Ferreira ingressou com
recurso pedindo a suspensão e cancelamento da liminar na segunda-feira
(7) e já prepara a contestação da decisão de reintegração de posse,
levando em consideração a importância do projeto social para a
comunidade carente.

Beneficiados

Cerca de 600 alunos, a maioria de baixa renda, já passaram pelas aulas
do maestro. Hoje cerca de 60 alunos estão inscritos nos cursos, sendo
metade só no de música e o restante em informática, luthiaeria, inglês,
artesania ou aeromodelismo.
Campello foi aviador na juventude, se formou em farmácia pela USP e
depois foi estudar música na Europa. A ideia de implantar o projeto
veio desse período que morou no exterior. “Quando eu estava estudando
na Europa, vi aqueles ‘senhorzinhos’ (heróis de guerra com 70, 80 anos)
dentro de projetos semelhantes ao meu, só que feito pelo governo.
Quando cheguei aqui resolvi adaptar o projeto as nossas condições.
Comecei com violão depois vieram outros cursos. Muitos queriam aprender
e não tinham o instrumento, então eu dizia para eles arrumar um violão
quebrado. Foi assim que comecei o curso de luthieria, depois vieram os
outros”.
Os cursos se transformaram no seu projeto de vida. “Esse pedido do
prédio é uma coisa que me deixa entristecido, mais do que a vista (com
derrame no olho esquerdo) que estou perdendo”, conta o maestro.

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