A Escola de Samba Águia de Ouro entra no
 sambódromo do Anhembi a meia-noite do domingo de carnaval, 22, com 2800
 integrantes divididos em 23 alas, incluindo bateria e baianas, para
 contar a história da Dança no Brasil com o enredo “Mostra-me como dança
 um povo e eu lhe direi se sua civilização é feliz”. 
 Entre as alas está uma que é bem lapeana: a Ala do Tripa, que nasceu há
 dez anos na esquina da rua Espártaco com a Vespasiano. A estilista da
 Águia de Ouro, Bete Trindade, lembra que o Tripa é antigo conhecido da
 escola. “Eu conheço ele desde quando a gente tinha uns doze anos de
 idade. O Tripa sempre vinha trabalhar no barracão para ajudar a Escola,
 ele gostava, até que surgiu a turma. Foi num bar que eles decidiram
 montar a ala”, afirma Bete. 
 O nome do grupo traz o apelido de Octávio Baricca Filho, o Tripa, que
 fundou o grupo com Silvio Luiz Cristofaro e outros amigos da época.
 Segundo Silvio, eles se reuniam uma vez por mês, para um churrasco no
 Bar do Japonês, que nem existe mais. A ação entre amigos evoluiu. “Eu
 conseguia o patrocínio, fazia camisetas que eram vendidas e dava
 direito ao churrasco. Quando começamos tínhamos cerca de 30 pessoas
 depois passamos para 100”. 
 Um ano após o início dos encontros, o presidente da Águia, Sidnei
 Carrioulo, convidou o pessoal para participar da escola de samba. “A
 gente sai desde a época (dos desfifles) da Tiradentes”, revela
 Silvio.   
 O envolvimento da comunidade na escola também se revela pela
 participação feminina na bateria. Quesito fundamental na apuração dos
 desfiles de carnaval, um terço da bateria da Águia é de mulheres que
 dão um toque especial na evolução das coreografias durante as
 apresentações.   
 Armando Guerra Junior, o Mestre Juca, revela que a Águia de Ouro abriu
 a bateria para a participação feminina no final dos anos 90. “Antes, a
 gente tinha apenas uma menina na bateria, a Carol, que hoje é chefe de
 ala. Em outubro de 98, batizamos essa bateria feminina (o padrinho é o
 Tadeu da Vai-Vai). Hoje temos 250 componentes, dos quais 70 mulheres”.
 De acordo com a estilista e também uma das mais novas componentes da
 bateria, Bete Trindade, a Águia foi a primeira escola de samba do mundo
 a ter uma bateria feminina. “As outras são cópias. Aqui, para
 participar é preciso passar por uma seleção. Por enquanto só participo
 de shows. Ainda não estou apta para o desfile no Sambódromo”. 
 
 































