Enredo comunitário

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É digno de registro o envolvimento das comunidades locais na organização da festa em homenagem aos 454 anos da cidade de São Paulo.
O evento, embalado no clima carnavalesco, contou com a adesão de várias Associações Amigos de Bairro, entidades como Rotary, OAB, ACSP e Ciesp, além do apoio da iniciativa privada, em particular do bar Valadares.
Como faz questão de dizer importante liderança comunitária da região, trata-se de uma festa “que não tem dono”.
De fato, em momento algum dos preparativos desta grande folia de janeiro,nenhum organizador ou apoiador tomou para si a propriedade da festa. A alegria que tomou conta da Rua Faustolo e arredores, na sexta feira, 25, teve como marca registrada a espontaneidade. Foi um evento de todos para todos, livre de quaisquer interferências político-partidárias e de imposições ideológicas.
O enredo que embalou a folia tem nome: participação comunitária, algo cujo real significado várias esferas da administração pública ainda são incapazes de interpretar. Não se trata da pressão pela conquista de cargos públicos na administração regional. Também não é o caso de negociações fisiológicas ou clientelistas, práticas de um velho e ultrapassado jeito de fazer política, que há muito não encontra mais espaço nos bairros da região.
Tal qual uma escola de samba ou mesmo um bloco carnavalesco, a comunidade tem suas alas. Cada uma carrega consigo adereços e alegorias que marcam conquistas, sonhos e utopias. Tomadas em conjunto, elas formam uma harmonia, que procura, insistentemente, passar a seguinte mensagem: “queremos participar da gestão pública nos bairros da gente, pois sabemos o valor do nosso potencial intelectual e material para tanto”.
Dizem os especialistas que o coração de uma escola de samba é a bateria, com o surdo de primeira comandando a marcação. Nas alas regionais, o coração que segura o ritmo pulsante da cidadania é a comunidade organizada em associações e/ou corporações, que, voluntariamente, colocam literalmente o bloco na rua, trabalhando em prol da coletividade.
Em tempo de carnaval e em época pré-eleitoral, seria importante que os gestores públicos e a classe política paulistana se dispusessem a desvendar a essência dos corações comunitários, que continuam cantando o seguinte refrão: “ô abre alas que eu quero participar”.

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