Incômodo vizinho

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É absolutamente compreensível a indignação dos moradores e comerciantes da região da Rua Clélia e entorno em relação à Sampa Hall, que desde novembro do ano passado ocupa o prédio onde funcionava o Olympia.
Ao longo de duas madrugadas seguidas, eles foram surpreendidos pelos atos de vandalismo praticados por um grupo de freqüentadores da nova casa noturna da Lapa, que deixaram rastros de destruição pelas vias públicas da região, atingindo orelhões, cestos de lixos e até mesmo estabelecimentos comerciais (lojas e agência bancária). Isso sem falar no uso de armas de fogo em meio a um cenário onde o consumo abusivo do álcool parece funcionar como combustível que estimula a violência.
Como estratégia de marketing, visando a atrair a sua clientela, a Sampa Hall adotou uma política de preços bastante popular. Para entrar na casa, homens pagam R$ 10 e mulheres R$ 5, desde que apresentem filipetas, adquiridas sem custo algum a partir do próprio site do estabelecimento na Internet. Esse marketing agressivo reforça-se no cardápio oferecido: uma latinha de cerveja ou uma dose wisky custa apenas R$ 1,00. Desembolsando-se R$ 10 é possível beber, por exemplo, quase 2,5 litros de cerveja (14 copos) e três doses da outra poderosa bebida alcoólica. Os efeitos dessa explosiva mistura são devastadores. Estudos científicos mostram que bastam seis copos da famosa “loirinha” para que a pessoa apresente dificuldades de coordenação motora e reflexos.
Diante dessas constatações não há como negar que a estratégia adotada pela Sampa Hall é politicamente incorreta, beirando o limite da irresponsabilidade social.
A vizinhança cobra um posicionamento sensato da direção da casa, além de exigir policiamento adequado na região, sobretudo no horário de fechamento da Sampa Hall (alta madrugada).
Também é plenamente justificável o pleito dos moradores que pedem rigor por parte da fiscalização da Subprefeitura. Eles argumentam que a casa já deu mostras de não respeitar a legislação municipal, tanto que após a sua inauguração teve de ser lacrada por fiscais da prefeitura.
Tudo isso somado, nos leva à conclusão que a diretoria da Sampa Hall precisa, urgentemente, rever seu marketing. Se não o fizer, estará dando um tiro no próprio pé, pois é bem provável que ganhe corpo uma campanha de mobilização pleiteando do poder público soluções mais radicais.

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