Páscoa em comunidade

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EDUARDO FIORA

Em tempo de Páscoa, me dei conta de que o rico simbolismo expresso em celebra- ções litúrgicas que marcam essa data – dentro e fora da Igreja Católica – podem nos levar a uma importante reflexão inserida na alma deste Jornal da Gente: a vida em comunidade.
Ao abrir a Bíblia, presente de um padre jesuíta quando eu era adolescente, me detive novamente nas narrativas do Livro do Êxodo, que contam a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. E é exatamente essa passagem do cativeiro para a liberdade, rumo à Terra Prometida (Palestina) que marca a origem e o significado da Páscoa judaica, cujas comemorações se iniciaram na quarta-feira, 12, e se estendem por uma semana.
Nesse mesmo livro sagrado, reli trechos da Paixão de Cristo, cuja ressurreição, relembrada na Páscoa cristã, é o grande pilar da fé professada por Igrejas como a Católica Romana, Presbiterianas e Ortodoxas. Nos ritos pascais elas celebram a passagem de uma vida transitória, obscura e material – a terrena – para outra plenamente cheia de luz na eterna celestial.
De tantos aspectos comuns encontrados na leitura do Novo e Antigo Testamento, não pude deixar de notar que tanto num quanto noutro ganha relevo o sentido de união comunitária. Não foram indivíduos isolados que deixaram o cativeiro egípcio para trás. Foi, isto sim, um povo, uma comunidade, que buscou na união a força necessária para romper os grilhões dos faraós e se lançar numa longa jornada rumo a uma terra onde “jorra leite e mel”. Ao divulgar a palavra de Deus, Jesus procurava fazê-lo sempre cercado de multidões, ou seja, de adultos e crianças pertencentes a comunidades diversas. Aquelas que acolheram seus ensina- mentos viveram tempos difíceis nos primórdios da fundação da igreja cristã. Assim como aconteceu com o povo judeu, os seguidores do Evangelho de Cristo tiveram de permanecer unidos para vencer os ferozes leões de um outro paganismo.
Independentemente da fé que professamos ou não, esse tempo pascal e seu simbolismo nos ensina algo valioso em termos de vivência comunitária: transpor as barreiras urbanas em busca de uma melhor qualidade de vida nos bairros da gente é algo que só conseguiremos se permanecermos unidos e organiza-dos. Somente assim conseguiremos transformar o duro concreto armado em estruturas flexíveis,cuja maleabilidade seja garantida por um único elemento: o calor humano.

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