Bomba explode na sede do Jornal da Gente

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Um ato de violência contra o Jornal da Gente deixou perplexas as comunidades pelas quais a publicação circula semanalmente. Na manhã desta sexta-feira, 31, os funcionários da Página Editorial, empresa responsável pela edição do jornal, tiveram uma desagradável surpresa ao chegar à sede da empresa, na Rua Marco Aurélio, na Vila Romana. Uma bomba de fabricação caseira havia causado danos materiais na recepção da editora. Além disso, a fachada da casa onde funciona a Página Editorial estava pichada com os dizeres difamatórios.
Por volta das 10h, a direção da empresa comunicou oficialmente o fato à Polícia Militar, dirigindo-se, em seguida ao 7º Distrito Policial para registrar um Boletim de Ocorrência. Uma viatura da PM chegou a comparecer à sede da editora, mas, rapidamente, deixou o local. Depois das 11h, foi acionado o comando do 4º Batalhão de Polícia Militar, ao qual foi solicitada, então, a presença de uma viatura para proteger os 25 funcionários da editora, pois ainda pela manhã, por meio de telefonemas anônimos, outras ameaças foram feitas, dando conta que um novo atentado iria acontecer.
Sem ainda contar com o apoio e proteção policial, e no aguardo da presença também da Perícia Técnica que tardava a vir, a direção do jornal ligou diretamente para o gabinete do secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu, relatando a situação. Pouco tempo depois, assessores do secretário davam um retorno, informando que a Polícia Científica estava a caminho e que o comando da Polícia Militar já havia tomado as medidas no sentido de dar toda a retaguarda possível para que os funcionários da Página Editorial pudessem trabalhar com tranqüilidade e segurança.
Somente às 14h30, portanto quase quatro horas depois do primeiro comunicado à PM, é que compareceram ao local do crime peritos da Polícia Civil e viaturas da PM para dar início a rondas preventivas nos quarteirões próximos à sede do Jornal da Gente, algo que se estendeu durante toda a noite, até o fechamento desta edição.

Apuração rigorosa

Para o diretor da Página Editorial, Ubirajara de Oliveira, essa violência é um ato repudiável sob todos os aspectos. “Acredito que seja um atentando contra aquilo que representamos nos bairros da Lapa, Vila Leopoldina e Jaguaré. Na verdade foi um atentado contra os interesses das comunidades que são e continuarão sendo ouvidas por nós”.
Durante toda a manhã e também à tarde, vários veículos de comunicação de circulação nacional e regional deslocaram repórteres e cinegrafistas para a cobertura do incidente. Representantes do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo também compareceram à redação para prestar solidariedade e condenar o atentado.
No diálogo mantido com a Polícia Civil, a diretoria do Jornal da Gente solicitou a completa apuração dos fatos, para que esse crime não fique impune. “Fomos informados que o próprio secretário Saulo de Castro Abreu acompanha de perto esse caso. Recebemos o compromisso de um total empenho da polícia na elucidação do acontecido”, afirma Oliveira.

Repercussão

O superintendente da Distrital Lapa da Associação Comercial, Douglas Formaglio, em visita à sede da Página Editorial expressou sua solidariedade ao mesmo tempo em que ficou preocupado com o atentado à liberdade de expressão. “O século XXI não permite revivermos lembranças e fatos que marcaram períodos obscuros da história brasileira”, afirmou Formaglio.
O chefe de gabinete da subprefeitura, Roberto Nappo, lamentou o ocorrido. “Todo e qualquer ato de violência deve ser condenado. O Jornal da Gente está presente nessas comunidades cobrindo os fatos bons e aqueles ruins. Muitas vezes divergimos do enfoque e opiniões do jornal, mas reconhecemos a sua importância. Queremos manifestar a nossa solidariedade aos diretores e funcionários”.
A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, 96ª subsecção Lapa, Helena Maria Diniz, visitou a redação do Jornal da Gente e deixou seu protesto pelo incidente da última sexta-feira, 31. “Um atentado a um órgão de imprensa é um atentado a cidadania, principalmente, quando essa imprensa costuma fazer denúncias da comunidade com relação aos vários segmentos da sociedade. A OAB se preocupa com o desenrolar e a apuração dos fatos”.
O advogado e diretor da OAB- Lapa, Mário Ferreira, comentou o atentado à redação do Jornal da Gente. “Vejo com tristeza esse fato. Viemos para nos solidarizar com os diretores e funcionários do jornal. Somos testemunhas dos relevantes serviços prestados à comunidade e da enorme colaboração que esse jornal presta ao poder público, informando sobre as questões comunitárias da região”.
Outro a ficar indignado com os acontecimentos foi o advogado e membro do Tribunal de Ética e Disciplina e da II Câmara de Recursos da OAB-Seccional São Paulo, João de Sá Teixeira Neves. “Vim manifestar meu repúdio a essa violência, essa agressão à cidadania e a liberdade de imprensa”.
O diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Franklin Larrubia Valverde também deixou sua opinião quando ao acontecimento. “A diretoria do sindicato repudia com veemência o atentado sofrido pelo Jornal da Gente. Esperamos que o poder público investigue e aponte os responsáveis”.

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