Lembranças da Leopoldina de outrora

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Uma das ruas mais movimentadas da Vila Leopoldina é a Guaipá, importante centro comercial e também vital artéria viária, que conduz à sempre agitada estação de trem da CPTM localizada no bairro.
Relatos de pesquisadores, como o falecido Manuel Rodrigues Lobo Júnior. dão conta que, de fato, a atividade comercial já caracterizava a Guaipá em 1923. Segundo Lobo Junior, nesse ano quem se estabelecia na região era Gino Frediani, que inaugurava seu açougue, no número 257 da então Rua do Corredor. No segmento de armarinhos, tecidos e artigos para costura, a primeira iniciativa foi levada adiante por duas tradicionais famílias: Falow e Anelo, na esquina da Guaipá com a Rua Bela Nápoles. “Além desse comércio já instalado, eram comuns ambulantes em suas carrocinhas vendendo, de porta em porta, verduras, legumes e frutas para aqueles que não as possuíam sem seus quintais. Tripeiros vendiam tripas e matavam porcos para fazer lingüiça ou mortadela”.
Era uma época em que muitos moradores saiam de casa em direção às lagoas mais próximas para caçar rãs e colher cogumelos. “Eles já faziam algum dinheirinho vendendo as sobras de seus ‘banquetes’ em resturantes de luxo da cidade”
A narrativa do pesquisador não fica no tom impessoal. Ele faz questão de relembrar personagens que marcavam o cotidiano da Guaipá. “Zé das Cabras foi um comerciante original: com seis cabras amarradas umas às outras, guiadas por ele, percorria as ruas da região vendendo leite tirado na hora. Mais fresco, impossível. Também existiam o Mané Batateiro, o Zé Tomateiro e o Alfredo Bananeiro. A verdade é que desse tão útil quanto rude e sacrificado comércio nasceu aquilo de que se orgulha a gente da Vila Leopoldina, muito bem abastecida em todos os setores.”

Cinema e Circo

Nas décadas de 20 e 30 havia espaço para algo que a Leopoldina hoje já não oferece: cultura. Segundo Lobo Junior, na Lapa, em geral, eram famosas “as matinês domingueiras” com famílias e namorados saindo de casa a pé para ir aos cinemas instalados em ruas como Doze de Outubro, Guaicurus e na própria Guaipá (cine Bagdá). “Circos também sempre havia, como, por exemplo, o Henriqueta, Irmãos Pereira e outros que funcionavam na Rua Guaipá com a Sebastião de Paiva”.
Em 1921, a Vila já reivindicava escolas para as crianças do bairro, uma carência que preocupava alguns moradores do bairro. “A primeira escola, que era mista, foi instalada na Guaipá, em frente à parada do Trem (atual estação Imperatriz Leopoldina), sendo professora a Dona Rafaela. Os alunos eram já de 8, 9, 10 anos de idade e não havia vagas para todos”, relembra Lobo Junior, em suas memórias leopoldinenses.

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