Blitz derruba a Calango Tango

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EDUARDO FIORA

Com o apoio da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar, a Subprefeitura da Lapa realizou nos dias 2 e 3 uma ampla operação de retirada das caixarias informais instaladas ao redor da CEAGESP. Cerca de 30 caminhões e até mesmo uma retroescavadeira foram utilizados para recolher as milhares de caixas de madeiras que transformam ruas da Leopoldina, como a Xavier Krauss, em verdadeiros galpões a céu aberto. “O objetivo dessa ampla operação foi devolver o passeio público à população”, diz o chefe de Gabinete da Subprefeitura, Roberto Nappo.
Pegos de surpresa, os caixeiros da Xavier Krauss não reagiram à ação de desmonte. Apenas lamentavam o que consideram um descaso da prefeitura que, segundo eles, é incapaz de avaliar a real situação desse tipo de negócio. ““Vou levando a vida com essa minha caixaria, que batizei de Calango Tango. É ilegal? Não sou desonesto. O feirante vem aqui com um monte de caixas. A de laranja ele vende por R$ 0,80. Eu e meus companheiros consertamos a caixa, que revendemos por R$ 0,90. Já viu algum bandido se preocupar em ganhar 10 centavos com um martelo na mão?”, desabafa o “empreendedor”Geraldo.
Retrato da exclusão social numa região que já começa a viver o fenômeno da especulação imobiliária, com grandes construtoras adquirindo amplos terrenos, o depoimento de A.L, um menor de 17 anos, ilustra com frieza o quadro da caixaria. “Sei que não pode montar e desmontar caixas aqui na calçada. Mas fazer o que? Tenho 17 anos. Moro com minha mãe, que está desempregada, e mais quatro irmãos. Não sou bandido. Preciso trabalhar. O que a prefeitura oferece quando vem aqui e nos impede de ganhar pelo menos trezentos reais no fim do mês?”.
A pergunta feita por um dos menores que atuam na região ficaria sem resposta. É já que na equipe da blitz não havia ninguém da Coordenadoria de Assistência Social da Subprefeitura.

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