Alô, Brasil! Fala, Comandante!

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Quem conheceu o Sr. Manoel da Silva Filho, o Manelão, com certeza já foi cumprimentado com a frase acima. O “Alô Brasil” eu não sei de onde veio, mas até as crianças da creche da Nossa Turma soltavam o bordão quando o viam. O “comandante” o ajudava a cumprimentar as pessoas, quando não se lembrava do nome. Ele tinha uma ótima memória, mas saber os nomes de boa parte das pessoas que trabalhava na Ceagesp não seria fácil. E ele saía pelo mercado cumprimentando a todos.

O Manelão nasceu no dia 10/08/1951 em Monte Azul Paulista. Foi criado em Bebedouro, e era o mais velho de uma família de 07 filhos. Acabou se tornando um pouco pai dos irmãos mais novos.

Nos primeiros anos da escola, já sofreu com o preconceito. Não havia muitos negros na cidade. Mas contou com o carinho de uma professora, que soube protegê-lo de situações difíceis. Melhor ouvir esta história contada por ele mesmo, no depoimento que deu ao Museu da Pessoa.

Ainda criança teve que deixar a escola para trabalhar na colheita de laranja. Completou os estudos mais tarde, mas sempre gostou muito de ler, o que ajudou na sua eloquência ao falar e escrever seus artigos. E era ótimo em matemática. Com ele ao lado a calculadora era obsoleta.

Chegou a São Paulo em 1971, e começou a trabalhar na Ceagesp descarregando caminhões. Aos poucos foi tendo outras oportunidades, e descobriu sua habilidade para negociar, tornando-se um ótimo vendedor.

Também gostava muito de futebol e de boxe. E foi do seu gosto pelo futebol que surgiu o convite para participar da Nossa Turma, projeto que foi iniciado pela direção da Ceagesp e um grupo de permissionários em 1998. Seu papel no início era cuidar da escolinha de futebol.

Em 2002 surgiu a oportunidade de se tornar presidente da Associação Nossa Turma, cargo em que ele permaneceu até hoje, em eleições regulares. E literalmente carregou nas costas este projeto, buscando parcerias, doações, conhecimentos, e o que mais pudesse ajudar. Era sua vida. Não saía da Nossa Turma e do Ceasa nem em feriados.

Eu conheci a Nossa Turma no final de 2009, e em 2011 me tornei diretora financeira da Associação. Queria ajudar na gestão da ONG. Passamos muitas dificuldades juntos, chorei muito no seu ombro quando não sabia o que fazer para pagar as contas, mas chorei muito de alegria também com as conquistas que tivemos. E tenho muito orgulho do que a Nossa Turma é hoje, uma ONG estruturada, reconhecida na comunidade e nos órgãos governamentais, pela dedicação e excelência de seu trabalho.

E nada disso teria sido possível sem o Manelão à frente deste projeto, com seu vozeirão, seu sorriso largo, sua simpatia, seu carisma. Este carisma não conseguiremos substituir, mas a equipe da Nossa Turma está mais forte que nunca para levar seu legado adiante!

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