Vamos imaginar que Fernando Haddad fosse o prefeito da maior cidade do País. Agora vamos fazer de conta que ele não foi reeleito e, nos últimos dois meses de mandato, resolveu iniciar o processo de audiências públicas para uma grande reestruturação urbana, que foi uma de suas propostas de campanha. Você acha que isso faz sentido?
Pois é o que ele está fazendo. A um passo de deixar a Prefeitura, ele marcou quatro audiências públicas para Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Arco Tietê, que é parte de sua proposta do Arco do Futuro, alardeada com muito estardalhaço na campanha de 2012. Por que fazer, aos 45 do segundo tempo, o que não conseguiu fazer em quatro anos? Como, ao mesmo tempo em que corta serviços essenciais, como varrição de ruas e distribuição de leite para as crianças, ele planeja um investimento de tamanha monta, que inclui mexer com trilhos ferroviários e em uma das principais vias expressas da cidade?
Se o problema de sua gestão não foi incompetência e sim falta de dinheiro, como ele alega, é honesto da parte dele dar o start neste projeto e jogar a bomba para seu sucessor? Para mim, essa é mais uma das provas de que não há volume de recursos que resolva a inabilidade de Haddad. Sem entrar no mérito dos benefícios que a revitalização da região do entorno do rio Tietê pode trazer, considero de mau gosto a tentativa de enganar a população e trapacear seu sucessor, jogando em suas mãos uma batata quente sem solução. Essas audiências só servirão para gastar dinheiro público em sua realização. Doria vai entrar, olhar a casa e traçar suas estratégias. É prepotência querer enfiar goela abaixo seus projetos não executados. Pelo visto a transição amigável é mais uma das ações de fachada, que foram a especialidade desta gestão.