Com açúcar|e com afeto

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Cocada da Neide

Nossa personagem do mês tem tudo para render homenagens. Todos os dias, Neide Gomes de Mendonça chega ao ponto de venda às 7 horas com uma cesta cheia de cocadas que ela mesmo fez no dia anterior. Cocada branca e de coco queimado. Cocada de maracujá, de abóbora ou cocada de leite condensado. Essa última, garante, é a mais pedida.
Houve um tempo em que a rotina dessa batalhadora era diferente. Com carteira assinada como copeira em uma empresa de engenharia, para incrementar o orçamento familiar, fez um curso de culinária onde aprendeu a fazer os doces que passou a produzir e a vender as guloseimas para as pessoas próximas. A inflação no Brasil, na época, desorganizava até o mais pragmático, por esse motivo, era comum as famílias buscarem maneiras de melhorar o orçamento doméstico.
Na ocasião, os preços dos produtos nos mercados eram diferentes a cada dia. Comprava-se um produto por um preço e no dia seguinte, o preço havia sido reajustado. A inflação batia o índice de 200% ao ano e castigava o salário do trabalhador.
Além disso, o desemprego era uma realidade, e depois de quase quatro anos de emprego estável, a empresa teve que diminuir o quadro de funcionários e a Neide entrou para a lista de corte dos empregados. Algum tempo depois, foi a vez do filho perder o emprego de vinte anos, quando o banco em que trabalhava foi incorporado por uma outra instituição financeira.
Mas como ela não foge à regra do perfil da mulher brasileira, ao constatar que a família precisava se preparar para novos desafios, decidiu aumentar a produção de cocadas e partiu para uma venda mais ousada. Vendeu muito de porta em porta e desde 1993 atende uma clientela apressada que circula na Avenida Professor Alfonso Bovero, na região das agências bancárias.
Muito querida pela comunidade, a doceira esbanja bom humor aos amigos e clientes numa postura pra lá de positiva. No próximo mês de junho, Neide completa 72 anos e ainda tem disposição para enfrentar o dia a dia com um sorriso no rosto, cumprimentando a todos que encontra, com um simpático “bom dia, freguesa, vai uma cocada, hoje?”

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