Moradores questionam criação de centro de reciclagem na Leopoldina

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Foto: Divulgação

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Centro Ecológico de Reciclagem de Pavimentos é tema de webinar na terça-feira (1º) às 18h no Facebook do Jornal da Gente

A luta pela reabertura do Parque Leopoldina Orlando Villas-Bôas é antiga, desde 2015 quando a área verde foi fechada para a investigação da contaminação do terreno. Os anos se passaram e já havia um plano com as fases de reabertura, bem como R$ 2 milhões provenientes de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) para a reforma.

A Sabesp, que possui uma base ao lado do parque que chegou a ser objeto de negociações entre a empresa e o governo para ampliar a área de lazer pública, firmou um contrato no ano passado para a construção de uma usina de reciclagem no local para a produção de base asfáltica a partir de resíduos de obras de saneamento.

Em um material de divulgação publicado em novembro de 2020, a Sabesp afirma que a usina é “uma solução moderna e sustentável que vai melhorar a qualidade da reposição do pavimento nos serviços da companhia em vias públicas e reduzir o descarte de resíduos sólidos em aterros”. Afirma ainda que “a iniciativa atende à estratégia da Sabesp de adotar o conceito inovador de economia circular, que foca na otimização e no reaproveitamento de materiais, reduzindo custos e beneficiando o meio ambiente”.

A usina de reciclagem foi contratada por meio de licitação, vencida pelo consórcio Reintegrar, formado pelas empresas Fremix e Soebe. Serão investidos no projeto R$ 29,6 milhões em 30 meses. Quando pronta, a estrutura produzirá o asfalto espumado, que dá mais flexibilidade ao pavimento, reduz os riscos de surgimento de trincas e possibilita a liberação imediata para o tráfego. A matéria-prima para a produção do asfalto serão as sobras (pedaços de asfalto, concreto e sarjeta) das obras da própria Sabesp. A usina de reciclagem terá capacidade para produzir ao ano até 1 milhão de m² de reposição asfáltica, o que equivale a 14 vezes a área das pistas da Avenida Paulista, e a Sabesp deixará de descartar ao ano 150 toneladas de material nos aterros sanitários (ou 8.000 caminhões cheios), o que atende às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Também reduzirá em até 80% a compra de brita, gerando menos impacto ambiental. O consórcio, além de implantar e operar a usina de reciclagem, desenvolverá estudos e soluções tecnológicas para os problemas enfrentados nas reposições asfálticas dos pavimentos, com a participação de profissionais da Sabesp, da Prefeitura de São Paulo e da Escola Politécnica.

A empresa afirma que está investindo R$ 100 milhões no recapeamento de 400 mil m² de vias na capital. Não foram feitas novas divulgações, após a de novembro, e moradores da Vila Leopoldina que cobram a reabertura do parque estão apreensivos com o impacto que a usina pode gerar.

Para o Diretor de Relações de Governo da AVL, Carlos Alexandre de Oliveira, a região tem um déficit considerável de áreas verdes. “Discute-se muito a questão do impacto do trânsito de caminhões da Ceagesp na região e como diminuir essa problemática, e de repente temos um impacto anual estimado de 16.000 caminhões (considerando descarga e carga de material). Então haverá barulho e poluição. A Sabesp não procurou os moradores para esclarecer o impacto que os equipamentos vão causar na vizinhança e temos moradores do local insatisfeitos com a instalação deste centro de reciclagem, temendo barulho, poluição, odores, etc. Enquanto isto o Parque Orlando Villas-Bôas permanece fechado, incluindo as fases futuras que demandam a descontaminação do solo que estão completamente paradas”, diz.

Para Luiza Eluf, ex-subprefeita da Lapa que acompanhou o caso do fechamento do parque, os moradores deveriam ser informados sobre o motivo da escolha do local da usina. “É um absurdo. Lá não é apropriado para fazer esse tipo de reciclagem. Outro absurdo é que não se preste informações à população, aos moradores, que já pediram e não foram atendidos satisfatoriamente. Temos um parque ao lado, onde haverá um fluxo grande de crianças, adolescentes e idosos. O governo deveria rever essa instalação porque vai afetar o bairro inteiro. Vai ter pó, restos de reciclagem, poluição do ar e sonora. É totalmente inconveniente e não temos a justificativa da escolha desse local”, afirma Eluf.

Questionada, a Sabesp não enviou as informações sobre o projeto até o fechamento desta edição.

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