Unidos por um propósito

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“Às vezes não dá para entender os critérios de tombamento do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo”. É isso que se escuta de muitos moradores e proprietários de imóveis do Alto da Lapa onde o Conselho quer ampliar a area de tombamento da City Lapa (feito em 2009) para ruas como Salles Junior, Jataí e Schilling, entre outras. A resolução para ampliação que tramita no órgão considera que o tombamento aprovado em 2009 deixou de fora algumas quadras pertencentes ao loteamento original da City.

Segundo a minuta de uma resolução que a reportagem do JG teve acesso, o objetivo é preservar nos mesmo moldes do restante do tombamento de 2009, senão  integralmente, a maior parte das características do bairro-jardim projetado por Barry Parker da Cia City. O problema apontado pela comunidade é que em muitas vias, boa parte dos imóveis dessa franja do tombamento já sofreram alterações e mesmo os mais antigos, não têm valor histórico significativo para tal medida. O Conpresp só tomba bens que tenham significância histórica, cultural ou ambiental, pelo menos essa é sua finalidade. Só para exemplificar, o Quartel da Lapa, na Vila Anastácio, já teve o pedido negado. A comunidade tenta pela segunda vez o reconhecimento do valor do imóvel, antes que projetos imobiliários ou da própria Prefeitura substituam as instalações por novos empreendimentos, destruindo parte da memória do bairro.

A abertura do processo de ampliação do tombamento das novas quadras do Alto da Lapa e Bela Aliança, visa, segundo o documento, proteger os imóveis da destruição, da descaracterização além de reconhecer e manter seu valor para as futuras gerações. Isso quer dizer que além dos casarões e ruas sinuosas ricas em verde, já tombada, o proprietário de um imóvel menor (como um sobradinho da Salles Junior) que esteja dentro dessas novas areas também terá que obedecer as diretrizes definidas na Resolução de Tombamento.

Se a ampliação acontecer, essas famílias de pequenos imóveis terão seus sobradinhos engessados para uso residencial. Qualquer alteração terá que ter a assinatura de um técnico (contratação e pagamento por parte do dono) e passar pela análise do órgão. 

Talvez essa seja a explicação para que a area tombada da City ficasse fora da deliberação do órgão quanto a nova regulamentação (divulgada no JG, na edição passada), para areas envoltórias, que até 2013 impedia reforma em um raio de 300 metros de bens tombados, e agora eles serão analisados caso a caso, conforme a realidade urbanística de cada tombamento. 

A comunidade do Alto da Lapa e Bela Aliança já está se mobilizando com o firme propósito de saber da presidente do Conpresp quais as razões que levaram a ampliação das quadras e do uso de critérios diferentes para a City Lapa.

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