Uma ponte para o futuro

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A construção da ponte para travessia de Pirituba para Lapa pode demorar mais do que o esperado pelo prefeito Haddad e por piritubanos depois do fracasso do primeiro leilão de Cepcs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) da Operação Urbana Consorciada Água Branca organizado (dia 12) pela BM&F Bovespa. 

Depois de muitos debates e audiências públicas em Pirituba, na Câmara Municipal, e reunião na Lapa, o projeto, que ficou sem a alça para Marginal (reivindicada pelos lapeanos), corre o risco de não sair do papel tão cedo. 

As incertezas do cenário econômico somadas ao desaquecimento do setor da construção civil provocaram a desvalorização dos certificados. O setor foi o segundo que mais demitiu em fevereiro quando o país registrou mais demissões do que contratações com o fechamento de 2415 vagas. Pior resultado para o mês desde 1999. Isso fez com que o primeiro bimestre desse ano acumulasse perda de mais de 80 mil empregos com carteira assinada. 

Outro fator que pode ter contribuído para o fracasso do leilão foi o envolvimento de grandes construtoras na Operação Lava Jato (escândalo de corrupção da Petrobras), afastando as empresas do negócio e provocando a baixa a procura pelos papéis.

Como lembrou o vereador José Police Neto (PSD), sem o dinheiro dos Cepacs não tem ponte nem outras intervenções importantes que necessitam da venda dos títulos ao investidor. A aquisição dos Cepacs dá ao comprador o direito de transformar áreas da operação (como Lapa, Água Branca, Pompeia, Perdizes e Barra Funda) em um terreno promissor para construção de prédios acima do permitido na Lei de Zoneamento e lucrativo retorno financeiro. Os recursos dos Cepacs darão a Prefeitura condições de minimizar os impactos dos novos empreendimentos da operação com obras como drenagem, abertura de viário, moradias e a ponte, a prometida ponte.

Para piorar, uma pesquisa do Secovi (Sindicato da Habitação) mostra que a capital passa por um momento de estoques cheios, fazendo com que os empresários do setor deixem de investir. Diante dos poucos interessados nos Cepacs, o prefeito Fernando Haddad pode ver frustrada uma de suas principais promessas de campanha: o Arco do Futuro, que prevê um conjunto de ações para revitalização da orla do Rio Tietê. 

É com a arrecadação de recursos dos Cepacs que Haddad pretende iniciar o desenho do arco de ligação entre os dois lados do Tietê, mas se o desinteresse pelos certificados persistir, a ponte ficará para o futuro.

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