Devaneio lapeano

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É grande a expectativa para o encontro com o secretário Municipal de Cultura, Nabil Bonduki, marcado por conselheiros Participativos da Lapa para quinta-feira (28). Na ocasião, conselheiros e comunidade vão discutir com o secretário o futuro do espaço Tendal da Lapa que precisa, faz tempo, de melhorias nas instalações. Amantes da história da Lapa acreditam que a reunião será a oportunidade de tratar da permanência do acervo do Museu da Lapa Miguel Dell’Erba, o Museu da Lapa, no bairro.  O movimento comunitário ganhou força depois que a supervisora de Cultura, Adriana Reis, anunciou a transferência do acervo do Centro de Memória e Convívio da Lapa “Cecília Meireles” para o Museu da Cidade, no Centro (em matéria publicada na edição 661 do Jornal da Gente, de 2 a 8 de Maio de 2015). Na ocasião, a supervisora alegou problemas de infraestrutura e inundações no prédio para justificar a mudança do museu da Lapa.  Sem o museu, o centro perde a função de guardar a história do bairro, como idealizado pelo primeiro guardião da memória da Lapa, Miguel Dell’Erba. 

Para que a história não se perca, o diretor do Colégio Heitor Garcia, Luciano Garcia, e a diretoria do Instituto Anastassiadis estão entre aqueles que saíram em defesa da permanência do acervo no bairro.  

Apesar do Centro de Memória permanecer ligado a Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, e por conseqüência a supervisão de Cultura da Subprefeitura Lapa, a esperança é que o secretário dê um sinal positivo para que o acervo fique na região. 

Após reforma nas instalações da antiga Biblioteca Cecília Meireles, o Centro de Memória – inaugurado em maio de 2009 – parecia um local definitivo do museu até o anuncio da mudança. 

Assim como os lapeanos, o poeta e escritor Mário de Andrade, que terá a casa que morou na Barra Funda reaberta neste sábado com exposição em sua homenagem, por certo defenderia a vontade da comunidade em manter o acervo histórico na Lapa. O artista participou da Semana de Arte Moderna e foi autor do livro Paulicéia Desvairada, um marco da literatura brasileira. Na reunião com Nabil, a comunidade bem que poderia ser ousada como nosso poeta e lançar algo como a “Lapa Desvairada”, que assim como a Paulicéia de Mário de Andrade, surge em um cenário de transformação da Cidade de São Paulo, que ganha – assim como na época (1922) – uma paisagem cada vez mais urbana. O problema é que a mudança do Museu da Lapa pode colocar em risco memória do bairro e transformá-la em um devaneio lapeano. 

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