Planejar a cidade

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Corrigir uma situação existente pode ser bem difícil, isso quando não é impossível. Se em nossa vida particular é importante organizar as prioridades, controlar gastos e fazer previsões dos projetos que queremos concretizar, na gestão pública essas tarefas ganham um peso muito maior.

A questão das ciclovias sempre foi um grande divisor de opiniões da população. É difícil encontrar alguém que critique a existência de uma rota alternativa de transporte, que serve tanto para a mobilidade quanto para o lazer e não causa poluição. Mas em relação ao jeito que as ciclovias foram implantadas na cidade, muitas críticas aparecem.

Criar uma cultura em prol de um novo meio de transporte não é algo fácil, muito menos rápido. A gestão passada implantou cerca de 400 quilômetros de ciclovias, um investimento de muitos milhões. É positivo perceber que o número de ciclistas aumentou na cidade, mas não podemos negar que muitos comércios e moradores de bairros residenciais sofrem até hoje com um projeto que em nenhum momento foi discutido com aqueles que seriam afetados.

Em novembro João Doria sancionou um projeto de lei que altera alguns critérios para a implementação de novas ciclovias, faixas compartilhadas e ciclofaixas, e estabelece que os novos trechos só poderão ser criados após a realização de audiências públicas, estudos de demanda e de impacto viário. A atitude foi elogiada por quem sofreu com a implantação das ciclovias na gestão passada, e criticada por ativistas e representantes de movimentos que defendem o avanço da política cicloviária.

O fato é que entre as nossas maiores dificuldades estão à falta de comunicação entre os múltiplos órgãos do poder público, a descontinuidade de políticas por conta das mudanças que acontecem cada vez que um partido diferente assume o poder e, principalmente, a falta de planejamento. É difícil encontrar defensores de um projeto cujos frutos serão colhidos por outra pessoa, em outra gestão. Um bom exemplo disso é o metrô, com obras complexas, caras, com lento retorno de investimento, mas que é muito bom para a população que o utiliza.

Mas voltando às ciclovias, a gestão passada teve pressa em concluir o seu projeto e vincular essas rotas à sua administração, independente das irregularidades ou gastos extras que ficaram pelo caminho. Existem trechos muitos bons e outros perigosos para os próprios usuários, caso da Rua Tomé de Souza, onde a ciclovia é constantemente invadida por veículos. Precisamos discutir o que queremos para a cidade e cobrar dos nossos representantes projetos que ultrapassem os mandatos e ofereçam soluções definitivas para todas as áreas.

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