A garça voltou

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A garça voltou. Isso poderia ser apenas um feliz e raro acontecimento notado em uma área urbanizada, mas na verdade é um sintoma de que quando há equilíbrio a natureza sabe o que faz. Muito difícil falar em equilíbrio no momento em que estamos vivendo a pior crise que sequer podíamos imaginar. Mas essa semana tivemos ao menos uma notícia boa, uma respiração em meio a falta de fôlego que é acompanhar tudo isso que está acontecendo.

Um trabalho iniciado em 2007 mostra hoje seus resultados: a despoluição do Córrego Leopoldina. A vida renasceu em uma região que passa por um grande processo de verticalização. Hoje é possível ver peixes e até mesmo garças como a que ilustra a capa desta edição. Talvez não possamos falar em “ver”, já que o trecho aberto do córrego está em uma área fechada por um portão. Infelizmente não podemos contar ainda com a consciência de todos sobre a importância de preservar um ecossistema com esse.

Na segunda-feira (22) é celebrado o Dia Mundial da Água e para reforçar a importância desse elemento vital tivemos a oportunidade de promover um webinar junto com a Sabesp e o Instituto Limpa Brasil sobre o caso de sucesso do Córrego Leopoldina. Um trabalho que irá contribuir para que, quem sabe um dia, nossos grandes rios também estejam em equilíbrio, também sejam ambientes adequados para a vida.

E lutar pela vida é também o que alguns moradores fizeram ao tentar impedir a remoção de uma enorme falsa-seringueira na City Lapa. Essa espécie frondosa e com raízes imponentes foi muito disseminada na cidade na década de 50, momento em que a configuração dos bairros era muito diferente da que temos hoje. Com a evolução urbana, esse tipo de árvore perdeu espaço, seja por estarem doentes, apresentarem risco de queda, interferirem com a rede elétrica, destruírem calçadas, entre outros motivos.

A Prefeitura, que concedeu a autorização de remoção, afirma que com a retirada da falsa-seringueira, quatro árvores mais adequadas serão plantadas no local. Mas a perda de uma forma de vida que levou tantos anos para se desenvolver não deixa de ser triste.

A pandemia tem seu lado inevitável e imprevisível, mas se tem algo que ela revelou é que precisamos ter um olhar sustentável ao conviver em sociedade. A vida frenética, sempre com pressa, aglomerados no transporte público, morando em micro apartamentos que só servem como dormitórios, sem se importar com o SUS (sendo que no momento de sufoco os hospitais particulares recorrem justamente a ele), sem valorizar as áreas verdes que resistem entre nós, aceitando que época de chuva é época de enchente, entre tantos outros exemplos são coisas que deveremos repensar quando tudo isso terminar.

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