Metas a cumprir

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Devem ter sido poucas as pessoas que fizeram as tradicionais promessas de virada de ano. Saindo de um 2020 devastador e a caminho de outro ano tão incerto, difícil se comprometer com alguma coisa além de ficar vivo e esperar a crise passar.

Mas como moradores de uma megalópole sabemos que a cidade não pode parar. Inclusive, mesmo com as restrições que hora se acirram, hora afrouxam, não podemos dizer que houve de fato um momento em que a cidade parou.

Agora chegou o momento da Prefeitura fazer as suas “promessas de ano novo”, ou melhor, de mandato novo, que vão guiar para onde parte do dinheiro público deverá ser investido nos próximos quatro anos. Durante a semana aconteceu a audiência pública da Lapa para a apresentação do programa de metas 2021-2024. Algo que foi bastante pontuado na reunião virtual foi o fato das propostas serem referentes a toda a cidade e não à Lapa propriamente dita. Também foram feitas críticas sobre a falta de especificação de alguns temas. Por exemplo, ao anunciar a construção de 30 novas unidades de saúde, além de saber onde elas serão instaladas, é importante determinar qual tipo de equipamento será. Uma UBS, UPA, AMA, CAPS? Embora todas sejam bem vindas, quando se tem um sistema que deveria ter uma capacidade maior de atendimento, falar apenas em números, sem um estudo ou dados que indiquem a necessidade de um equipamento específico em um determinado local, faz com que as metas pareçam apenas algo bonito em uma apresentação, sem relação com a realidade.

Sempre ouvimos falar do orçamento como um “cobertor curto”, comprometido com despesas fixas. Por isso que a gestão deve ser bem criteriosa na escolha dos gastos que poderão ser feitos na forma de investimento. Em uma das checagens mais recentes, feita no começo do ano pela Agência Lupa, Bruno Covas teria cumprido 29 das 71 metas definidas para 2019 e 2020. Isso significa que os objetivos concluídos corresponderam a cerca de 41% do total. Em uma visita à Subprefeitura Lapa, em setembro, o prefeito foi questionado pelo JG sobre o programa de metas vigente, e disse que apenas cinco das propostas estavam com dificuldades de serem implementadas.

Ao contrário das nossas próprias promessas, que temos a tendência de aliviar quando percebemos que não vamos conseguir cumprir, quando falamos da cidade é preciso ter metas muito claras e objetivas. Temos necessidades urgentes e com organização e cobrança, podemos saná-las. Sendo o programa de metas um processo participativo, agora é a hora de mandar as propostas para a Prefeitura. Quanto mais recorrentes os pedidos, maiores as chances deles serem incorporados e virarem metas.

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