Equacionar a presença

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Para além da polarização política que existe em todo o país e os que defendem na esquerda ou direita, descrita a seguir de forma muito simplória, uma linha com maior e outra com menor intervenção estatal, é muito válido avaliar em uma visão local como equacionar de maneira saudável a presença do poder público.

Chegou, em uma época atípica, o Carnaval. Mesmo para quem não aprecia a festa, é inegável a sensação de alívio ao ver esse sintoma de recuperação da vida que tínhamos. Se no sambódromo, assim como em qualquer outro evento, foram estabelecidos protocolos para a presença do público, os blocos de rua não contaram com apoio da Prefeitura. Mas manifestações culturais não deveriam precisar de autorização prévia para acontecer, embora contar com estrutura seja necessário, por exemplo, banheiros. Para isso basta os organizadores serem responsáveis e contratar por conta própria aquilo que o evento precisa, como fez o bloco que desfilou nesse feriado na Praça Rio dos Campos. Claro que o apoio do poder público é necessário para festas maiores, que vão ocupar grandes vias.

A Lapa é uma das regiões com maior presença de blocos no Carnaval e isso não pode ser ignorado. Foliões devem poder ocupar o espaço público com segurança e os serviços de zeladoria precisam ser providenciados. Neste caso, é preciso encontrar um equilíbrio entre o que cabe ao poder público assumir e esperar a colaboração das próprias pessoas, descartando materiais de forma correta e respeitando horários.

Mas já que falamos em ignorar, como pode um órgão não providenciar uma solução para uma demanda pedida por moradores há mais de dez anos? É o caso das solicitações de implantação de medidas de segurança viária na Rua Pio XI, em um trecho conhecido por ter acidentes. Depender apenas da prudência dos motoristas não é suficiente.

E no caso das questões sociais o desafio é tão grande que é necessária uma ação intersecretarial para tentar reduzir um dos maiores problemas da cidade, consequência da desigualdade. Afinal quem mais precisa de atenção é quem não tem como, por conta própria, suprir suas necessidades. Se queremos que nossos bairros tenham mais qualidade de vida, segurança e limpeza, devemos cobrar que o poder público tenha um olhar de acolhimento e seja efetivo no cuidado de pessoas e ambiente. Também podemos apoiar as entidades privadas, filantrópicas ou não governamentais que atuam nesse sentido. Enquanto não igualarmos as oportunidades e incluirmos todos, a presença do poder público é indispensável.

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